Road Trip pelo Noroeste Argentino – Dicas Gerais.
No final de maio de 2019 fomos desbravar o Noroeste Argentino. A região, ainda pouco explorada, é um misto de Atacama e Altiplano Boliviano com toques coloridos e ótimos vinhos!
Passagens áreas para o Noroeste Argentino
As duas cidades principais do Noroeste Argentino são San Salvador de Jujuy e Salta. Escolhemos iniciar e terminar a nossa viagem por San Salvador de Jujuy, mas outras opções de passagens são: Salta, Open Jaw Salta-Jujuy ou Open Jaw Jujuy-Salta.
Não sabe o que é open jaw? Eu explico o que é esse termo e como visitar múltiplos destinos com uma só passagem!
Eu tentei a terceira opção (Open Jaw Salta-Jujuy – chegada por Salta e retorno por Jujuy), mas as passagens saiam quase o dobro de ida e volta por Jujuy. Nem sempre fica mais caro, então teste todas as possibilidades. A gente poderia ter economizado o trecho de viagem de carro de Jujuy a Salta no primeiro dia, mas no fim não atrapalhou nosso roteiro.
Compramos nossas passagens com pontos Livelo. Mas se você não tiver milhas suficientes, não se preocupe. Sempre tem promoção de passagem para lá, que raramente ultrapassam R$ 1000,00 por pessoa, ida e volta, geralmente com uma bagagem despachada incluída.
Reserva de Carro
Reservamos nosso carro pela Reservecar, um site no estilo rentalcars, rentcars, mas com sede aqui em São Paulo. Isso facilitou muito quando percebi, pouco antes de viajar, que não haviam me enviado o voucher. Uma ligação nacional (local) e 1 minuto depois já estava resolvido!
Conheça outros apps e sites de viagem que utilizo para organizar meus roteiros.
Nós reservamos o carro com a Hertz. Não paguei IOF e ainda consegui parcelar! Nós brasileiros, para dirigirmos na Argentina, não precisamos de PID só de nossa carteira de motorista dentro da validade.
Eu escolhi um carro de categoria melhor, um Sedan pela foto, pois nossas malas são grandes, mas recebemos um Onix. Eles nos disseram que esse era o carro que eles tinham para aquela categoria, mas o carro era praticamente pelado, só tinha vidro elétrico na frente e olhe lá. Tivemos que colocar uma das malas no banco do passageiro.
Fora esse problema, o carro era ultra mega blaster econômico!!! Nós rodamos cerca de 1500 km em 8 dias e gastamos somente 90 litros de combustível (quase 17 litros por quilômetro) !!! E olha que nós subimos muito morro (em um dos dias saímos dos 2400 metros de altitude e chegamos aos 4350 metros) usando no máximo a terceira marcha!
Vai alugar carro? Certifique-se que suas hospedagens tenham estacionamento incluído, principalmente em Salta, que tem zona azul em quase todo canto.
Roteiro de 8 dias pelo Noroeste Argentino
Nosso roteiro ficou assim, nada corrido. O número de dias e o planejamento de cada dia foram bem adequados.
Em verde foram os lugares onde nos hospedamos! Os demais dados referem-se aos pontos principais, no entanto, paramos em muitos outros lugares no caminho!! Um desses pontos são as Serranías del Hornocal, que entrou no meu TOP 10 experiências bárbaras!
A gente saía do hotel entre 8-9h e voltávamos entre 18-19h. Nesta época do ano que fomos (maio/junho), os dias amanheciam por volta das 8h e escureciam por voltas das 18h30-19h.
Opção para quem não gosta de vinho
Caso você não goste de vinho, pode cortar do seu roteiro o dia que passamos em Cafayate só visitando bodegas e voltar para Salta já no dia seguinte. Mas você terá que dormir pela região, pois a ruta 40 é ultra cansativa, já que são 125 quilômetros de estrada de terra (sim, 125 km!!).
Neste caso, você pode fazer o passeio do Tren de Las Nubes, que sai de Salta. O passeio é parte em ônibus e parte em trem, o mais alto (em altitude) do mundo. Dizem que o cenário é incrível.
Geralmente eles têm saídas às terças e sábados, mas não sei por que eles não tiveram saída no dia 1/6 (sábado – até mandei email para confirmar), e as duas terças que estávamos lá eram exatamente nossos dias de chegada e retorno… o passeio dura o dia inteiro. Há também a opção de você fazer só a parte de trem. Neste caso, você terá que ir por conta até San Antonio de Los Cobres.
Gosta de vinho e quer fazer o passeio de trem?
Se você quiser ficar um dia em Cafayate, como nós, e fazer o passeio de trem, você precisará de mais um dia no seu roteiro porque mesmo nós, que temos um ritmo mais acelerado de viagem, não teríamos condições de incluir o passeio de trem sem cortar algo.
Quanto custa viajar para o noroeste Noroeste Argentino?
Nossos gastos totais (casal) para 8 dias de viagem:
Observações desta tabela:
- Para o hotel no centro de Salta (Hotel Ankara Suites) usei um cupom de desconto de R$100,00 do booking;
- Para o hotel de Cafayate (Patios de Cafayate) eu tinha uma diária grátis no valor de R$270,00 pelo hoteis.com;
- O hotel de San Lorenzo (Hotel Selva Montaña) usei milhas Smiles (não contabilizado);
Muito do que sei sobre acúmulo e uso de milhas Smiles eu aprendi com a Cecília do blog “Viajante Econômica”.
- Para o Airbnb de Tilcara (Sumalagua) usei um cupom de desconto de R$85,00;
- O valor das passagens aéreas referem-se somente às taxas aeroportuárias;
1) Melhor época para visitar o Noroeste Argentino
Entre abril a novembro. Os meses de verão são muito quentes e secos. No entanto, nessa época pode chover, e você pode ter a sorte de ver as Salinas Grandes alagadas, como no Salar de Uyuni!! Mesmo em maio/junho sofri um pouco com o tempo seco.
A região tem um clima parecido com o Atacama, ou seja, tardes mais quentes e manhãs e noites frias, o ano todo. A umidade do ar é baixa, mas muito pior na região de Jujuy, a apenas 100km do Deserto do Atacama (de San Pedro de Atacama são 200km de distância). Já Salta Capital, por outro lado, fica no meio de um bioma de floresta e é bem mais úmido.
Portanto, não deixe de levar:
- Protetor solar;
- Protetor labial;
- Hidratante;
- Colírio para umedecer os olhos;
- Soro Fisiológico;
- Bastante água para se hidratar (Boa notícia, pode tomar água da torneira, é potável! Tem um gostinho, mas bem sutil. Tomamos todos os dias da torneira e não tivemos piriri! Testado e aprovado!).
Pretende fazer uma road trip pelo Noroeste Argentino?
2) Estradas
As estradas do Noroeste Argentino, em geral, são muito boas, até mesmo os trechos em terra.
23São muuuuuitos quilômetros em meio à natureza (vontade de parar o tempo inteiro!!), ou seja, muitas oferendas a Pachamama (nome carinhoso que demos às idas ao banheiro ao ar livre)!!
Portanto, não deixe de levar papel higiênico e/ou lenço umedecido e saquinho de lixo (por favor, não vá deixar o seu papel ou lenço jogado lá, seja um turista consciente!).
3) Posto de combustível
Postos de combustível você só encontrará nas grandes cidades do Noroeste Argentino. Por onde passamos tinha em Salta, Cafayate, Tilcara, Humahuaca e San Salvador de Jujuy (SSJ).
Surpreendentemente, abastecemos somente 3x, sempre quando chegava no meio tanque: uma vez em Cafayate, a segunda em Tilcara e a última para devolver o carro em SSJ. Dê preferência aos postos da bandeira YPF (dica dos locais). Tirando o posto de SSJ, todos aceitavam cartão de crédito.
Todos os postos têm frentistas. Dar gorjeta fica a seu critério, se ele lavou seus vidros, completou a água, etc.
A maioria dos carros alugados utiliza gasolina, que nos postos YPF será a “Super” (gasolina comum). Ultra é diesel comum S500, Infinia é gasolina aditivada e Infinia diesel é o S10.
4) Blitz policial
No Noroeste Argentino tem muita blitz policial. Perdi as contas de por quantas passamos. Possivelmente seja devido à proximidade com a Bolívia.
Algumas vezes nos fizeram parar para perguntar algo e muitas passamos direito, mas em nenhuma vez nos fizeram estacionar e revistar o carro.
Como se comportar: ao perceber a blitz, reduza a velocidade, ligue o pisca-alerta e abra o vidro do motorista. Todas as vezes que perguntaram de onde a gente vinha, respondemos Brasil (na verdade eles queriam saber de onde a gente vinha naquele dia, mas Brasil nos fazia escapar de qualquer outra pergunta!). Desligue o pisca alerta depois de passar pela blitz e pode seguir viagem tranquilamente.
5) Radares e pedágios
Não passamos por nenhum pedágio e radares havia os do tipo “lombada eletrônica” e os móveis, com uma blitz policial logo em seguida parando os apressados. Não vimos radares fixos (tomara que seja porque não existem).
6) Estacionamento
Até mesmo nos pueblos têm “zona azul” na região central, mas em cada lugar era um horário. Assim, verifique antes de estacionar e descubra com quem comprar. Também tem a opção de parar o carro fora do centrinho, normalmente é os pontos de interesse ficam próximos.
Em San Salvador de Jujuy a zona azul era diferenciada dependendo da distância do centro: quanto mais longe, mais barato. Assim sendo, verifique qual zona você está antes de comprar o talão, para não comprar o errado. Os talões você compra com vendedores credenciados que estão identificados por um colete verde limão.
Não pretende fazer road trip
7) Agências de viagem
Não aconselho fazer com agência. Alugue um carro!
Não sei se sai mais barato (bom, ao menos um dos passeios sairia 1/3 do valor, acredito que possa ser esse o panorama geral). Por outro lado, você fica com o roteiro dependente deles e não terá a possibilidade de fazer todas as paradas que fizemos. As coisas não são próximas, então deve ser ainda mais cansativo fazer com agência.
No centrinho das principais cidades do Noroeste Argentino têm algumas agências para fazer os passeios da região da cidade onde você estiver.
8) Mochilão pelo Noroeste Argentino
Dá para fazer, mas alguns pontos você terá que pedir carona. Vimos muitos mochileiros e locais pedindo carona, mas não nos sentimos seguros para dar. Pra gente, carona só na cidade pequena onde você nasceu e conhece todo mundo…
Tem ônibus intermunicipal para as principais cidades e o transporte interno é praticamente nulo, pois são pueblos muito pequenos.
9) Câmbio
Fizemos no aeroporto de Ezeiza cotação 1 real para 10,8 pesos argentinos. A melhor cotação que encontramos em Salta foi 1 real para 10 pesos (melhor lugar de todas as cidades do Noroeste Argentino). Em Tilcara, encontramos 1 para 8!!!!
Nós trocamos 2 mil reais e faltou dinheiro, tivemos que pagar algumas coisas no cartão de crédito. Mas se você não for viciado em vinhos como a gente, acredito que dê 2 mil reais para duas pessoas para 8 dias.
Não sei qual era a cotação para dólar e euro, pois eu nunca levo essas moedas nas minhas viagens pela América do Sul. Mas já fiz os cálculos e, considerando a dupla conversão, dá quase na mesma (às vezes você consegue uns reais a mais, outras você perde uns reais).
10) Chip de celular
Nas outras vezes que fomos à Argentina, usamos a Claro, que sempre foi a opção mais barata e com um ótimo sinal. Logo, assim que chegamos em Salta, passamos na loja deles e compramos dois chips pré-pagos com 2Gb cada para 10 dias ao custo de 360 pesos os dois.
No entanto, a Claro só tinha sinal de internet em Salta Capital e em San Salvador de Jujuy (capital da província de Jujuy). Grande parte da viagem a gente estava no meio do nada mesmo, nem nos pueblos pegava internet, mesmo a gente vendo as antenas, as vezes até passamos ao lado delas!
Foi quando os locais nos informaram que somente a Personal pegava mais ou menos bem naquelas regiões mais remotas. Portanto, se forem visitar esta região, comprem o chip da Personal que tem quiosque lá no aeroporto de Ezeiza.
11) Siesta
No noroeste argentino costuma-se almoçar a partir das 13h e jantar a partir das 20h. Você até pode encontrar restaurantes abertos antes desses horários. No entanto, são poucos e geralmente o atendimento é um pouco demorado, pois eles ainda estão se organizando (experiência própria!).
Eles fazem siesta. Geralmente as lojas fecham entre 13 e 17h e os restaurantes entre 15 (maioria)/16h e 19h/20h (maioria).
12) Gorjeta em restaurantes
Geralmente se dá entre 10 e 15% se gostou do serviço. Não vem na conta como no Brasil. Não confundir com os cubiertos, que é uma coisa completamente diferente.
13) Cubiertos
Alguns restaurantes cobram cubiertos, que seria o uso dos talheres, guardanapos e etc. Sim, bizarro.
É comparável com o couvert brasileiro, pois uma lei recente obriga a oferecer com essa cobrança pão, algo para passar no pão e um copo de água. Nem sempre os restaurantes cumprem, mas às vezes você pode até pedir água com gás que tá incluído.
Não dá para dispensar como aqui, você paga mesmo se não comer, mas também não custa os olhos da cara. O mais caro que pagamos foram 30 pesos, menos de três reais por pessoa. Ah, esse valor não vai pro garçom, então não diminua a gorjeta dele com base no valor dos cubiertos, ele não tem culpa.
9 Comentários
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Gustavo
Olá, Barbara. Gostaria de parabenizar pela publicação. Já comprei as passagens para Salta e estou no planejamento para fazer a viagem de carro. O conteúdo do seu site foi um dos mais completos que achei e vou usar como inspiração.
Ficarei 15 dias pela região, minha intenção é fazer tudo com calma e muita contemplação à natureza.
Parabéns pelo site!
barbaracortat
Olá Gustavo, tudo bem?
Ai que delícia que vc irá para lá. Com 15 dias você vai conseguir aproveitar muito mais. Tem muito lugar lindo para conhecer.
Aproveite muito!
Ana Claudia
Bárbara, parabéns pela publicação!!!
Vamos para Salta no final de julho e ficaremos 8 dias.
Estou com dificuldade pra distribuir os nossos dias x hospedagens pra conhecer os pontos que vc mencionou e fazer o passeio de trem também. Se puder ajudar…agradeço.
Chegaremos no sábado às 15h em Salta e no domingo da outra semana o retorno.
Obrigada 🙂
barbaracortat
Olá Ana Claudia, tudo bem?
Vocês irão amar esta região!
Tudo vai depender do que você pretende fazer nestes 8 dias. Se for fazer algo parecido com a gente, o roteiro está pronto, mas para incluir o trem na mesma quantidade de dias precisará tirar um dia da região de jujuy ou cafayate. Não esqueça de checar os dias que o trem sai no site oficial, pois não sai todos os dias.