Tour pelo imperdível Deserto Branco no Egito

Da série: “como um deserto pode ser tão espetacular?”, que já passou pelo Atacama e pela Namíbia, chegamos ao maior deserto do mundo, o Saara! E lá no meio do Egito (literalmente) está localizado o maravilhoso e imperdível Deserto Branco!

Deserto Branco, Egito

Como ir ao Deserto Branco

Já que nós brasileiros não podemos dirigir no Egito, a não ser que você tenha uma carteira de habilitação egípcia, e também pela necessidade de autorização para entrar no Parque Nacional do Deserto Branco, há basicamente duas opções para conhece-lo:

  • Pegar um ônibus até Bahariya ou Farafra e lá procurar uma agência para contratar o tour 4×4 para o deserto;
  • Contratar o tour completo, no qual há saídas das principais cidades turísticas egípcias.

Apesar de termos priorizado os deslocamentos pelo Egito por conta própria, utilizando transporte público, principalmente por questão de economia, neste caso acabamos optando pelo tour completo saindo do Cairo pela mera otimização do nosso tempo no país.

Deserto Branco, Egito

Tours oferecidos

Os tours mais procurados são os de 2 dias e 1 noite e os de 3 dias e 2 noites, mas há também opção de bate e volta saindo do Cairo (loucura!) e de 4 dias e 3 noites.

Os principais pontos visitados são:

  • Deserto Negro;
  • Montanha de Cristal;
  • Vale de Agabat;
  • Deserto Branco.

Quando ir

Deserto Branco, Egito

Ao organizar seu roteiro pelo Egito, priorize as noites de lua nova, início da lua crescente ou fim da lua minguante para o Deserto Branco, pois desta forma você poderá se deslumbrar com o céu estrelado!

Mas há também quem defenda que ir durante a lua cheia seja melhor, pois a luz da lua deixa as formações rochosas do deserto branco ainda mais interessantes.

O que levar

  • Se vai no inverno, vista roupas quentes, mas tenha roupas leves por baixo. A noite é bem fria! Os dias, especialmente no verão, são bem quentes;
  • Água – nem todos os tours têm água incluída;
  • Protetor solar, protetor labial;
  • Óculos de sol, chapéu;
  • Sapato fechado, de preferência um que seja confortável para caminhar na areia;
  • Papel higiênico, lenços umedecidos, álcool em gel, desodorante, escova de dentes.

Leia mais sobre o Egito

Nossa experiência

Nós escolhemos o tour de 2 dias e 1 noite, saindo do Cairo. Contratamos o tour no nosso hostel, por U$120,00 por pessoa, que incluía:

  • Traslado em carro entre Cairo e o Oásis de Bahariya;
  • Tour em carro 4×4;
  • Almoço, jantar e café da manhã;
  • 3 garrafas de água de 1,5L (para nós dois);
  • Acampamento no deserto branco;
  • Taxas de entrada e acampamento.

Nos acompanhou neste tour somente mais uma pessoa, além do motorista/guia.

Tour para o Deserto Branco, Egito
Nosso grupo!

O traslado em carro, ao invés de van ou ônibus, e a presença de somente mais uma pessoa no nosso grupo tornou a viagem muito mais confortável e prazerosa. Definitivamente foi um grande diferencial.

Dia 1

Nosso motorista nos pegou no hostel por volta das 7h. A viagem de cerca de 400km durou quase 6h, pois pegamos tempestade de areia, que reduziram muito a visibilidade na estrada, obrigando o motorista a reduzir a velocidade.

Chegamos ao local onde iríamos almoçar e trocar para o carro 4×4 por volta das 13h.

Coisa mais fofa o hotel onde paramos para almoçar.

Nosso guia e motorista, Miguel (Migahel, originalmente), era beduíno, senhor simples, com muita experiência de deserto e que havia aprendido inglês escutando os turistas. Apesar de alguma dificuldade de comunicação, foi possível conversarmos sobre costumes e religião da população local.

Após um farto almoço, iniciamos o tour por volta das 14h. A primeira parada foi no Deserto Negro.

Tour para o Deserto Branco, Egito
Partiu!

Deserto Negro (Black Desert)

O Deserto Negro fica a cerca de 50 km ao sul de Bahariya. É uma região repleta de colinas com formato cônico cobertas por fragmentos de rochas negras provenientes de uma erupção vulcânica ocorrida há 180 milhões de anos.

Subimos um dos montes para termos uma vista panorâmica da região. A curta trilha, com pouca dificuldade, se paga pela vista. O único sinal de civilização é a estrada que corta o deserto.

Montanha de Cristal (Crystal Mountain)

Seguindo na estrada, seguimos para a Crystal Mountain, que fica a cerca de 90 km de Farafra e 160 km de Bahariya.

A montanha de cristal, que não é exatamente uma montanha, foi descoberta, e parcialmente destruída, por um acaso durante a construção da estrada entre o oásis de Bahariya e o oásis de Farafra.

Face à tradução errônea do árabe é conhecida como montanha, entretanto o correto seria chamar algo como “Formação de Cristal”.

Geologicamente é uma caverna exumada, “empurrada” para cima por movimentos da Terra, sendo erodida ao longo dos anos, perdendo seu teto, estalactites e estalagmites.  Atualmente é possível visualizar um pequeno arco natural no alto do cume e formações contendo cristais de calcita e/ou barita ao redor do pequeno monte.

Apesar de ser uma curta parada e não ter muito a se ver, fiquei impressionada com os cristais.

IMPORTANTE: Os cristais não são souvenires. Nunca os quebre, lembre-se que foram necessários centenas ou milhares de anos para que fossem formados. Também não pegue aqueles que estiverem soltos na areia. Imagina se todo turista o fizesse? Não haveria mais nada a ser visto.  

Vale de Agabat (Valley of Agabat)

Chegou a hora de finalmente sair da estrada de asfalto e começar a aventura offroad no deserto do Saara!

Localizado a cerca de 45 km ao norte do Oásis de Farafra, o Vale de Agabat é um lugar único no Egito, já bem próximo do Deserto Branco.

Milhões de anos atrás, a região encontrava-se sob o mar. Ao longo dos anos, formações rochosas únicas de calcário, giz (e talvez arenito) se desenvolveram.

Vale de Agabat. Egito

A principal característica do vale de Agabat é o contraste entre as grandes rochas brancas/creme e a areia dourada que as cerca. A paisagem é tão bonita que dificilmente se pode imaginar outro lugar como este no mundo.

Subimos no alto de um dos cumes, com o vento bem forte querendo nos derrubar (cinco apoios entrou em ação!), para termos uma visão panorâmica. Que lugar surreal!

Depois fomos em um outro ponto do vale para fazermos sandboard!

Não sei o que acontece entre nós e o sandboard, mas sempre rola um perrengue. E esse foi desesperador, perdi meu celular na duna (em breve detalhes na série Perrengues Bárbaros!).

Infelizmente, por causa do incidente, acabamos não aproveitando tanto esta parada e tivemos que ver o pôr do sol de dentro do carro.

Deserto Branco, Egito

No Atacama o perrengue foi o tombo mais cinematográfico que você verá neste blog. Um oferecimento de Yuri Mendoza em “Sandboard no Vale da Morte”!!!!

Deserto Branco (White Desert)

O maravilhoso Deserto Branco é a área mais popular e uma das mais interessantes do Deserto do Saara Ocidental no Egito. Tornou-se uma área protegida em 2002, quando foi criado o Parque Nacional do Deserto Branco.

Deserto Branco, Egito

As formações rochosas calcárias (giz, para ser mais exata) são a grande atração do Deserto Branco. Representam um museu aberto de geologia, paleontologia, história natural e, porque não, uma galeria de arte, esculpidos ao longo dos séculos pela ação do vento e da areia.

Algumas formações assemelham-se a animais, outras a cogumelos, e algumas parecem as ondas do mar! Deixe sua imaginação rolar solta!

Assim como o vale de Agabat, toda esta área estava sob o mar. Após uma era glacial que ocorreu há 30 milhões de anos, uma elevação tectônica a trouxe à tona. Umas das evidências é a presença de conchas nas rochas calcárias!

Acampando no Deserto Branco

Na teoria não é permitido acampar no Parque Nacional do Deserto Branco. Nós só ficamos sabendo disso depois de voltar. No entanto, como muitos outros lugares no Egito, a fiscalização faz vista grossa. Contudo, isso somente ocorre com aqueles que viajam com agências de turismo.

Chegamos na área mais visitada do Deserto Branco já com o sol se pondo. Uma pena. Mas as cores após o pôr do sol estavam incríveis e nosso primeiro contato não foi nada decepcionante!

Deserto Branco, Egito

Miguel ainda dirigiu por um bom tempo até chegarmos ao ponto onde iríamos acampar. No local já havia uma tenda permanente montada, a noite já estava caindo e o frio intenso também! Sorte que não estava ventando.

Jantar beduíno

Antes de tudo, Miguel acendeu uma fogueira, para preparar parte do nosso jantar beduíno, que aproveitamos para nos aquecer! A luz fraca da lua crescente nos permitia ver as formações rochosas emolduradas pelo incrível céu estrelado.

Quando o jantar ficou pronto decidimos comer dentro da tenda. Estava muito frio mesmo! No cardápio, sopa, macarrão, arroz, frango e legumes. O jantar era farto e gostoso. Sobrou muita comida que foi deixada para as raposas do deserto.

Logo após, Miguel colocou alguns colchões em torno da fogueira e lá ficamos conversando. Miguel nos contou que ele dorme mais noites no deserto do que em sua própria casa. Ficamos depois observando o céu até que o sono nos pegou.

Deserto Branco, Egito

Se quiséssemos, poderíamos dormir fora da tenda ou numa barraca menor. Mas estava tão frio que achamos melhor dormirmos todos juntos na tenda, que tinha um revestimento muito mais grosso que de uma barraca.

Assim, dormimos os quatro, lado a lado, cada um com um saco de dormir e um cobertor bem pesado de lã. No chão, tapetes nos separavam da areia fria. Não foi a noite mais confortável, mas mesmo assim dormi feito uma pedra!

Deserto Branco, Egito

Dia 2

Miguel nos acordou antes do nascer do sol. Tudo que havíamos visto com a luz da lua era muito diferente pela manhã. Assim como não havia nos dado a noção da imensidão do deserto que nos cercava.

Deserto Branco, Egito

Uma ou mais raposinhas haviam nos visitado durante a noite. Havia pegadas em direção ao local onde Miguel deixou a comida que sobrou do jantar.

Deserto Branco, Egito

Estava muito frio e foi um alívio quando os primeiros raios de sol apareceram no horizonte e começaram a nos aquecer.

Tomamos café da manhã fora da tenda. O chá quentinho foi providencial!

Quando o sol já estava alto, Miguel nos disse que poderíamos caminhar enquanto ele desmontava o acampamento (exceto a tenda) e nos pegava mais adiante para seguirmos nosso tour.

Ficamos cerca de 2h pela manhã no Deserto Branco antes de iniciarmos nossa viagem de volta para o Oásis de Bahariya.

Deserto Branco, Egito

Oásis de Bahariya

O oásis de Bahariya foi formado depois que a depressão atingiu o lençol freático e as nascentes naturais surgiram, centenas (não milhares, milhões?) de anos atrás.

Além de porta de entrada para a maioria dos turistas que querem conhecer o deserto branco, as fontes termais também são uma das principais atrações, em meio a palmeiras de tâmaras.

Antes de retornamos para o hotel onde iniciamos nosso tour, fizemos uma curta parada em uma dessas fontes termais, mas nem chegamos a entrar, pois estávamos com fome e já cansados por antecedência da longa viagem de retorno ao Cairo que nos aguardava.

Retorno ao Cairo

Iniciamos a viagem de volta ao Cairo por volta do meio dia. Antes fizemos uma curta parada numa lojinha para comprar tâmaras.

A viagem foi bem mais tranquila e rápida, já que não havia tempestade de areia. A paisagem foi bem diferente dessa vez! Na ida não víamos nada além de 2 metros de distância. Agora era possível ter até miragens!

Em contrapartida, ao chegarmos no Cairo, por volta das 17h, toda a paz que sentíamos pela experiência no Deserto Branco foi interrompida pela primeira buzina que ouvimos e pelo trânsito caótico do verdadeiro Egito.

Vale a pena visitar o Deserto Branco?

Se você gosta deste contato íntimo com a natureza, não se incomoda em ficar sem banheiro e acampar, vale cada segundo da experiência. Vimos no Deserto Branco, ou melhor, no Saara, as paisagens mais lindas do Egito.

Deserto Branco, Egito

No entanto, se você é mais exigente, talvez não curta a experiência. Não vou mentir, não é confortável e olha que nosso tour só tinha 4 pessoas.

Li relatos de gente que foi no carro com 7 pessoas (assim como ocorreu com a gente no tour para Salar de Uyuni na Bolívia) e falaram que a viagem foi bem desconfortável pela falta de espaço no carro.

Ao comprar o tour a gente não tinha a menor ideia de quantas pessoas iriam com a gente. Nesse sentido, talvez a gente tenha dado sorte ou tenhamos pagado mesmo por um tour mais exclusivo.

Após viver essa experiência bárbara aconselho que, caso tenha tempo, você faça ao menos o tour de 3 dias e 2 noites, pois poderá aproveitar melhor cada parada, além de conhecer outros pontos. Em geral, neste tour, somente uma das noites se acampa. A outra você fica em uma pousada ou hotel.

Vale de Agabat, Egito

Acima de tudo, não faça de forma alguma o tour de 1 dia. A viagem do Cairo até o oásis é muito longa e cansativa. Se já achamos rápido o tour de 2 dias, o de 1 você não irá aproveitar nada.

Poderia ter sido melhor

Minha única crítica ao tour é não ter o almoço do segundo dia incluído, ao menos não o tinha no nosso tour. Chegamos no Cairo famintos.

Caso seu tour não tenha também esta refeição incluída, leve um lanchinho para comer no caminho de volta. Até fizemos uma parada na estrada, mas no local só havia bolachas e salgadinhos à venda, que não nos apeteceram muito.

Lugares isolados

Gosta de lugares isolados? Então conheça esses outros que os blogueiros do grupo “Viagens por Escrito” recomendaram:

15 Comentários

  • Patrícia Veludo

    Que local maravilhoso. Depois de ter feito o tour pelo Deserto Branco acha que compensa mais fazer o tour que fez ou que há outros beneficios em pegar o autocarro e depois lá pegar um tour de 4×4?

    • barbaracortat

      A grande vantagem seria o valor. Reduziria acredito que ao menos 1/3. Mas recomendo só se você tiver com o roteiro apertado.
      Hoje eu teria cortado algumas coisas que achei desnecessárias no meu roteiro e teria ido por conta própria e ficado mais tempo.

  • luciana calvo mardegan

    Tour incrível! Não gosto de acampar, mas acho que nesse caso vou me arriscar. Fiquei com uma duvida: todos os tours acampam no deserto, mesmo nao sendo permitido? rs

    • barbaracortat

      Oi Lu, todos os roteiros incluem ao menos uma noite de acampamento, exceto o de bate e volta.
      Não é permitido, mas como disse, no Egito dão um jeitinho, mas somente para as agências.

  • Izabela

    Menina, ainda não conheço o Egito, porém a cada post que leio mais tenho vontade de planejar essa viagem. E com certeza vou incluir no meu roteiro o deserto branco, só pelas fotos já fiquei encantada por esse lugar 😊

    • barbaracortat

      Olá Fabiana, nós fechamos todos os passeios quando chegamos no Cairo. Esse especificamente fechei no Cairo Hub Hostel, onde nos hospedamos nos primeiros dias no Cairo.
      Todos as hospedagens no Egito têm parceria com agências que fazem todos (ou quase todos) os passeios, então entre em contato com sua hospedagem!

  • Narjara

    Olá, tudo bem??
    Primeiramente parabéns pelo relato!!! Um dos melhores que já li sobre o white desert.
    Me conta uma coisa…. como foi a situaçao de banheiro? Porque ali nem “moita” tinha rsrs
    Muito obrigada!
    Narjara

    • barbaracortat

      Oi Narjara, tudo bem?
      Então, moita não tinha, mas tem bastante rocha, então fui atrás de uma, cavei um buraco e enterrei ao fim, como um gato!!! hahahahahaha
      Leve lenços umedecidos, alcool em gel e leve sempre o seu lixo com você!

  • Gustavo Lima

    Oi Bárbara! Parabéns pelo post! Me convenceu a ir nesses desertos!
    Uma dúvida, vocês levaram todas as bagagens de vocês no tour ou ficou em algum hostel/hotel em Cairo?
    Obrigado!

  • Luciana caroline genghini Canella

    Olá Bárbara, você nos deu coragem de fazer Egito por conta própria. Íamos fazer tudo com agência mas naõ estávamos gostando muito. Falou sobre um voo de balão… Temos 12 dias e queríamos conhcer também Sharm El Sheik. Poderia nos ajudar no roteiro e meios de locomoção?

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