Sergipe e Alagoas – uma road trip fascinante

Sim, confesso! Até nossa viagem para Sergipe e Alagoas, eu tinha muito preconceito com o Nordeste. Erroneamente, achava que encontraria somente calor e praias, duas coisas que realmente não me atraem. Mas promoções estão aí para nos incentivar a conhecer lugares que nem sempre estiveram na nossa lista ou estavam bem no fim dela.

Quando surgiu a promoção para Aracaju, não tinha a menor ideia do que fazer. Iniciei as pesquisas e acabei descobrindo que tanto a partir de Sergipe, como também de Alagoas, eu poderia visitar os Cânions do Xingó, uma vontade já antiga, mas que eu nem sabia ao certo onde ficava!

Cânions do Xingó vistos do alto

Pronto, era o que eu precisava para comprar as passagens! E assim rumamos ao Nordeste que, ao final de 9 dias, quebrou todos os nossos preconceitos. Fomos recebidos de braços abertos, terra de um povo supersimpático e hospitaleiro e de uma das melhores experiências gastronômicas que já tivemos.

Se superou expectativas? Extrapolou!!! Quer saber por quê?

Sergipe e Alagoas além das praias

Apesar de Alagoas ser conhecido como o detentor das praias caribenhas brasileiras, o estado vai muito além disso. Se você – como eu – não é muito fã de praia e calor, saiba que a divisa entre Sergipe e Alagoas é todinha feita pelo Velho Chico, o rio mais importante para os nordestinos.

Muitas das cidades ribeirinhas fizeram parte da história do Brasil colônia, como por exemplo Penedo e Piranhas, transbordando história e arquitetura em suas ruas.

Pelas ruas de Penedo

Além disso, o próprio Velho Chico é apaixonante. Rio de águas cristalinas e mornas nos convida constantemente para dar um mergulho para nos refrescarmos do calor intenso.

Conhecer a Foz do Rio São Francisco é um programa imperdível, tanto para quem vem de Maceió ou Aracaju. E os cânions do Xingó, que apesar de situarem-se em Alagoas são também facilmente acessados por aqueles que estão em Sergipe.

Nas águas cristalinas e mornas do Velho Chico!

Comida Nordestina

Conhecia muito pouco da comida nordestina até essa viagem. E quanto tempo perdido! Me apaixonei por todos os sabores desconhecidos e conheci versões mais locais daqueles já conhecidos.

Adoro essa experiência gastronômica, mas fujo dos restaurantes turísticos. Gosto de comida honesta e com gostinho de comida de mãe! E em Sergipe e Alagoas encontramos isso em diversos lugares. Só de lembrar fico com água na boca!

Aprendi que nordestino praticamente almoça no café da manhã. Em todos os locais que nos hospedamos não podia faltar macaxeira em todas as suas versões, cuscuz de milho, salsicha ou linguiça. Também teve angu, batata doce e arroz de leite. No primeiro dia estranhei, mas nos últimos dias de viagem já estava enchendo o prato dessas delícias!

E as frutas? Aprendi a gostar de Caju lá. Nada como comer a fruta direito do pé. Também comemos muitas acerolas do pé, e jambo, este último já meio sem gracinha! Que experiência bárbara tivemos. Não à toa voltamos um pouquinho mais gordos…!

Os preços!

Simplesmente fiquei chocada com o valor das coisas nessa região que visitamos. Tirando o combustível que é um pouco mais caro que em São Paulo, todo resto era muito, mas muito mais barato.

Em média pagamos R$ 172,00 a diária para o casal com café da manhã em pousadas com ótimas localizações. Sem dúvida abaixo do valor que costumamos pagar em nossas viagens, sendo que normalmente ficamos em Airbnb por ter melhor custo benefício.

Os passeios de barco ficaram em média R$ 280,00 reais o casal, para o dia todo e somente nós dois! Só para ilustrar, os poucos que fiz em São Paulo e Rio de Janeiro ficou esse valor para passeios compartilhados, ou mais.

Um desses passeios de barco foi pelas praias e ilhas de Paraty.

Alimentação foi o que mais me chocou. Em qualquer lugar, seja numa praia famosa ou em um restaurante beira mar ou beira rio uma refeição que servia muito bem (muito bem mesmo) nós dois não passava de R$ 90,00, incluindo cerveja, suco, água de coco e gorjeta.

Adorei o preço da cerveja. Não pagamos mais de R$ 12,00 numa garrafa de 600 ml de Eisenbahn, uma das nossas cervejas nacionais preferidas. Nem me pergunte de Heineken porque não pedimos, não gostamos dela, mas nenhuma passava disso nos restaurantes. Claro, os que só tinham long neck tinham um preço bem menos convidativo.

Ar condicionado

Sim, isso para mim é algo imprescindível. Como odiadora de calor, um local que é quente o ano todo tem que estar preparado para tal.

Eu odiei Cartagena por causa disso. Aquele calor horrível, a gente entrava em ambientes fechados e o ar condicionado não dava conta, isso quando tinha.

Mas se mesmo assim quiser ir, veja esse roteiro de 1 ou 2 dias por Cartagena!

Já nessa região de Sergipe e Alagoas não tenho do que me queixar, pois quase todos os ambientes fechados estavam bem climatizados e agradáveis.

Todas as pousadas que ficamos, da mais simples à mais gourmet, tinha ar condicionado nos quartos. E eram tão bons que a gente passava frio à noite e acabávamos desligando. Fala sério se isso não é demais!!

Ah! E mesmo quando estávamos ao ar livre, nessa região venta muito, diminuindo bastante a sensação desagradável do calor! Mais um ponto para Sergipe e Alagoas!!

Cabelos ao vento!

Os nordestinos

E lógico que não poderia esquecer do principal: os nordestinos! Fomos muito bem recebidos por pessoas alto astral, sempre com sorriso no rosto, de corações enormes. Do litoral ao sertão nordestino! Dos pontos turísticos aos nem tanto assim.

Foi um aprendizado conhecer um pouco da história de vida daqueles com quem pudemos conversar um pouco mais e perceber como reclamamos por tão pouco. Voltei valorizando muito mais meu país após essa viagem, sem dúvida alguma.

E essa variável humana que mais me conquista em qualquer lugar que visito. Acho que foi por isso que me apaixonei tanto pelo Japão. E foi por isso que, mesmo com todo o calor, me apaixonei por Sergipe e Alagoas!

Saiba quais são os dois itens essenciais para uma viagem ao Japão!

Mas tem uma coisinha ruim

Um dos problemas dessa road trip por Sergipe e Alagoas foram as estradas. Todas pelas quais passamos eram pista única com duplo sentido de tráfego, algumas não muito bem sinalizadas. Outras em péssimas condições, como as que nos levavam de Aracaju a Brejo Grande.

Nosso primeiro contato com o Velho Chico!

Por este motivo, aconselho evitar viajar no período noturno, por questão de segurança. A insegurança é nítida pela quantidade de crucifixos na beira das estradas que vimos ao longo dos cerca de 1200 quilômetros que percorremos nessa viagem.

A vantagem é que não tem nenhum pedágio. Mas quando comparamos com as estradas de São Paulo, quase todas pedagiadas, percebemos que a segurança viária em nosso país tem um preço que, infelizmente, temos que pagar além dos impostos para ter.

Roteiro de 9 dias por Sergipe e Alagoas

Nosso roteiro inicial era de 8 dias. No entanto nosso voo de retorno foi cancelado e acabamos ganhando um dia a mais.

Dia 1 – Chegada em Aracaju por volta das 16h.

Inicialmente o plano era retirar o carro e já seguir viagem para Piranhas, uma das bases para quem quer conhecer os cânions. Porém, por recomendação de quem mora lá, decidimos pegar estrada só no dia seguinte.

Praia do Atalaia do alto

Nos hospedamos em uma pousada perto da Passarela do Caranguejo.

Dia 2 – Translado para Piaçabuçu com pernoite em Penedo, ambos em Alagoas.

Pegamos estrada cedo, passamos pelo Pantanal Sergipano antes de rumarmos para a balsa em Brejo Grande rumo a Piaçabuçu. Foi aí nosso primeiro contato com o Rio São Francisco e já foi demais!

Pantanal Sergipano

Balsa de Brejo Grande

Preciso fazer um adendo sobre essa travessia, pois não encontrei quase nenhuma informação sobre ela na internet.

Ao chegar no local indicado pelo google maps você até acha que está no lugar errado, mas é ali mesmo, ao lado do restaurante e pousada Cara Peba.

Muito possivelmente você vai chegar e não terá ninguém. Mas há diversas plaquinhas com os telefones dos barqueiros. É só ligar e avisá-los que você está ali aguardando.

No nosso caso, não conseguimos completar a ligação com nenhum deles, mas perguntamos no restaurante e eles prontamente se ofereceram para entrar em contato com a balsa.

A travessia dura entre 20-30 minutos. Acabamos esperando cerca de 1h porque a balsa tinha saído de Brejo Grande há pouco tempo.

Na parte da tarde fizemos o passeio pela Foz do Rio São Francisco, sobre o qual já tem post detalhadinho para te deixar morrendo de vontade de fazer também!!

Depois do passeio rumamos a Penedo, cerca de 30 km de Piaçabuçu, onde passamos a noite.

Dia 3 – City Tour Penedo e translado para Piranhas – Alagoas

Pela manhã conhecemos a cidade histórica de Penedo e após o almoço pegamos estrada para Piranhas, onde chegamos no fim da tarde.

À noite fomos conhecer uma festa que ocorre todos os sábados na praça principal da cidade.

Dia 4 – Rota do Cangaço e City Tour Piranhas

Fizemos o passeio pela rota do cangaço, onde vamos até onde Lampião e seu bando foram mortos. No retorno, passeamos por Piranhas.

Fim de tarde e noite ficamos na pousada, com direito a nadar no Velho Chico!

Dia 5 – Cânions do Xingó, Vale dos Mestres e translado para Aracaju

O dia foi reservado para a atração mais conhecida atualmente do sertão nordestino. Após o almoço, já no fim da tarde pegamos a estrada para retornar a Aracaju.

Nos hospedamos novamente na Praia do Atalaia, desta vez já mais próximos dos Arcos do Atalaia.

Dia 6 – Bate e volta para as cidades históricas de São Cristóvão e Laranjeiras – Sergipe

Dia reservado para conhecer as cidades históricas de São Cristóvão, onde nasceu Sergipe, e Laranjeiras.

Laranjeiras

Como encerramos ainda no começo da tarde, decidimos voltar ao Pantanal Sergipano para explorá-lo com mais calma.

Dia 7 – Bate e volta para Mangue Seco – Bahia

Rumamos para a divisa com a Bahia onde contratamos um barco para conhecermos a Ilha da Sogra, a Ponta do Saco e Mangue Seco, esse já na Bahia.

Mangue Seco – Bahia

Retornamos por volta das 16h e, ainda com tempo, ficamos na Praia do Saco até o pôr do sol.

Dia 8 – Centro histórico de Aracaju e retorno para São Paulo

Nosso voo era no fim da tarde, então tiramos o dia para conhecer o centro histórico, passar pelos mercados, comprar algumas coisinhas antes de seguirmos para o aeroporto no meio da tarde.

Nosso voo foi cancelado, mas só conseguimos chegar no hotel que nos alojaram depois das 21h, exaustos.

Dia 9 – Praia do Atalaia – Aracaju e retorno para São Paulo – dessa vez de verdade!

Como já havíamos devolvido o carro, passamos a manhã na praia do Atalaia, que era a mais próxima do hotel.

Voltamos para almoçar, rearrumar as malas e finalmente voltar para São Paulo!

Resumindo, ficou assim:

Ao final foram cerca de 1200 quilômetros rodados, percorrendo todo o litoral Sergipano e quase toda a divisa de Sergipe e Alagoas seguindo o Rio São Francisco, quase chegando na tríplice divisa com a Bahia.

Quanto custa viajar para Sergipe e Alagoas

O custo da nossa viagem foi:

Apesar de ao final o custo de alugar um carro ficar mais de R$ 1000,00, a liberdade de escolher quando e quanto tempo ficar em cada lugar, na minha opinião, sempre compensa esse valor.

Acredito que seria o mesmo, se não mais, daqueles que fizessem tudo o que fizemos com agências de viagens.

Dicas finais

– Use e abuse do protetor solar, leve chapéu, óculos de sol, protetor labial. Seu corpo agradece e o bronzeado fica uniforme sem descascar!

– Leve garrafinhas de água reutilizáveis, uma por pessoa pelo menos. Nós compramos um galão de 10 litros no início da viagem e fomos enchendo nossas garrafinhas. Em alguns lugares que nos hospedamos tinha filtro de água. Uma boa forma de economizar dinheiro e reduzir a produção de lixo.

– Leve uma sacola térmica para manter sua água e alimentos frescos por mais tempo.

– Compre lanchinhos para petiscar ao longo do dia no supermercado, dessa forma você economiza e aproveita mais seu tempo. Esta viagem nós almoçamos e jantamos quase todos os dias. Mas nos dias que isso não era possível, esses lanchinhos foram uma mão na roda!

– Tenha sempre uns saquinhos de lixo na sua bolsa para descartar seu lixo caso não encontre nenhum por perto. A natureza agradece.

– Vá e veja com seus próprios olhos tudo o que Sergipe e Alagoas têm para te dar!

Superou Expectativas!

Assim como o Nordeste superou minhas expectativas, esses destinos surpreenderam os Pequenos Viajantes:

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