2 dias pelas cachoeiras de Presidente Figueiredo
A apenas 107 km de Manaus, encontramos o paraíso das cachoeiras no meio da floresta amazônica, na cidade de Presidente Figueiredo.
São 159 cachoeiras – nem todas passíveis de visitação – além de corredeiras, cavernas e grutas, um prato cheio para quem curte ecoturismo ou simplesmente queira se refrescar do calor amazônico.
Quando ir para Presidente Figueiredo
Durante todo o ano é possível visitar as cachoeiras de Presidente Figueiredo, porém os cenários serão completamente diferentes, dependendo da temporada.
Tenha em consideração que chove o ano inteiro na região, mas em alguns meses o volume acumulado é um pouco mais baixo. Além disso, é quente o ano inteiro e a chuva chega a ser um alívio e não um incômodo!
Levando isso em consideração, leve uma bolsa estanque ou capa para sua mochila, para proteger aqueles itens que não podem molhar!
A precipitação é mais elevada entre dezembro e maio, conhecido como Inverno Amazônico. Entre esses meses você encontrará quedas d’água mais exuberantes e fortes, porém isto poderá te impedir de dar aquele mergulho em algumas, face à forte correnteza que é gerada.
Já durante os meses de junho a novembro chove menos, Verão Amazônico, os níveis dos rios baixam, assim como o fluxo de água das cachoeiras. Algumas podem não ficar tão bonitas visualmente, mas é bem mais seguro mergulhar nas suas piscinas naturais ou até mesmo entrar embaixo das quedas.
Nós fomos entre estações, em setembro. Pegamos chuvas nos dois dias que estivemos em Presidente Figueiredo, mas conseguimos fazer quase tudo o que queríamos.
Como chegar em Presidente Figueiredo
O trajeto é feito pela BR-174, uma das poucas estradas asfaltadas do estado, que cruza o coração da Amazônia. A estrada está em boas condições, permitindo chegar na cidade em uma curta viagem de até 90 minutos (se não tiver caído nenhuma árvore – nosso caso!!).
Como visitar as cachoeiras de Presidente Figueiredo
A grande maioria dos turistas acaba contratando passeios de 1 dia saindo de Manaus para visitar as cachoeiras mais próximas ao centro de Presidente Figueiredo.
No entanto, desta forma, além de ficar muito corrido, você fica impossibilitado de conhecer as cachoeiras mais afastadas do centro, que são muito mais interessantes. Sendo assim, recomendo passar ao menos uma noite na cidade.
Não há muitas opções de hospedagem, mas todas ficam muito próximas ao centro, facilitando bastante o deslocamento daqueles que chegam de ônibus, por exemplo.
Nos hospedamos no Local Hostel, onde conhecemos várias pessoas legais com quem acabamos fazendo trilha no dia seguinte. Inclusive essa é uma boa forma de economizar com guias ao juntar a galera do hostel.
Veja quais foram as hospedagens que escolhemos nesta viagem pelo Amazonas.
Nós optamos por alugar um carro para ganhar tempo e ter um pouco mais de autonomia.
Falando em guia, precisa para conhecer as cachoeiras de Presidente Figueiredo?
Depende do que você quer visitar. O guia somente é obrigatório para visitar a Gruta da Judéia e a Caverna do Maroaga.
Para as demais não é obrigatório. No entanto, para conhecer algumas é recomendável o acompanhamento de um guia, para evitar acidentes que podem ser fatais (já falo sobre isso).
O que esperar das cachoeiras de Presidente Figueiredo
Você não encontrará cachoeiras super altas, já que a planície amazônica não possui grandes desníveis, porém encontrará uma grande variedade de coloração das águas.
Há cachoeiras cristalinas em tons dourados, azuis, verdes, castanhos, como também aquelas mais turvas, mais parecidas com o rio amazonas. Às vezes, a cor depende do quanto choveu nos dias anteriores.
Quase todas, se não todas, possuem poços deliciosos para mergulhar, de rasos a bastantes profundos.
Mas a característica que mais amei é que a temperatura da água é simplesmente perfeita.
Acostumada a quase congelar para entrar nas cachoeiras do sudeste e sul do Brasil, quando coloquei meu pé na primeira cachoeira que visitamos nem acreditei.
A água é na temperatura ideal para refrescar sem desespero! O Yu achou até meio quente pro gosto dele. Mas não tão quente como o chá gigante chamado rio Negro!
Mergulhar no rio negro, acampar no meio da floresta. Saiba com mais detalhes como é esta vivência na selva amazônica!
Nossas escolhidas
Dia 1
Pegamos nosso carro em Manaus logo cedo e chegamos em Presidente Figueiredo na hora do almoço por causa da queda de uma árvore.
Então, antes de iniciarmos as visitações, decidimos almoçar no centro, no Anauê Churrascaria e Pizzaria, um restaurante self-service. Comida simples e boa, mas um pouco cara para os padrões da cidade.
Caverna da Maroaga e Gruta da Judeia
Acredito que 9 de 10 turistas ficam sabendo de Presidente Figueiredo por causa da Caverna de Maroaga e Gruta da Judeia.
É tão famoso o local que, para evitar muvuca, agora só é permitido o acesso com o acompanhamento de guia e agendamento prévio no Centro de Atendimento ao Turista (CAT).
Nós contratamos um guia (Jeferson) indicação de uma colega, antes de chegarmos na cidade. Mas caso não tenha indicação de algum, em geral há alguns na entrada do local.
O preço é praticamente tabelado em R$ 100,00 para até 5 pessoas, com a entrada incluída neste valor. Grupos maiores é cobrado R$20,00 por pessoa, sendo permitido que um guia leve no máximo 10 pessoas.
A APA Caverna do Maroaga abriga um conjunto de cavernas, grutas, cachoeiras e até pinturas rupestres, prato cheio para quem curte ecoturismo. Além disso é um excelente local para birdwatching, destacando-se o raro e exótico Galo da Serra, encontrado próximo aos paredões rochosos e cavernas.
Tem trilha mas é curtinha!
A trilha tem uns 2,5 km ida e volta, em meio à floresta, no entanto há pontos com aclives e declives que requerem um pouco mais de atenção de quem tem dificuldade de locomoção.
A primeira parada é na Caverna Refúgio do Maroaga. Reza a lenda que a tribo dos Waimiri-Atroari a teriam utilizado como refúgio entre os anos 60 e 70, resistindo à pressão militar durante a construção da rodovia BR-174. Maroaga refere-se ao cacique da tribo.
Na entrada da caverna há uma queda d’agua que fica muito mais fotogênica durante o inverno amazônico.
Depois de muitas fotos, seguimos beirando o paredão rochoso até chegarmos na Gruta da Judeia. No local há uma enorme piscina natural dourada e rasinha, além de uma queda d’agua formada por uma fissura no teto da gruta.
Após visita-las compreendemos o motivo de serem tão famosas. Os cenários de ambas são únicos!
Cachoeira do Santuário
É uma das cachoeiras mais famosas de Presidente Figueiredo. Acabamos indo nela simplesmente porque era muito próxima da Caverna da Maroaga e olha, valeu demais a pena.
Composta por três quedas, recebe esse nome por abrigar uma pequena imagem de Santa Clara na primeira queda.
O local tem infraestrutura, com parte da trilha sobre decks de madeira, lanchonete e banquinhos.
O que mais gostamos dessa cachoeira foi o trampolim que fica depois da terceira queda, onde há formação de uma piscina natural com pouca correnteza.
O trampolim fica a uns 3-4 metros de altura. Neste ponto a profundidade também é grande, por volta de uns 3 metros. Se você sabe nadar, não vai querer parar de pular, mesmo tendo medo de altura como eu!!
Jerônimo!!!
Em um outro ponto dá para receber uma boa massagem nas costas de uma queda d’agua com uns 3 metros de altura.
Entrada: R$ 10 por pessoa e não precisa de guia.
Jantamos no centro, no restaurante Papa Léguas, que fica na praça central. Comida honesta, gostosa e preço justo.
Dia 2
Antes de iniciarmos o dia, fomos comer o famoso X Caboquinho.
O hostel até tinha café da manhã, acho que R$15,00 por pessoa, mas queríamos tomar um café da manhã típico.
Escolhemos o Café Regional Gosto Gostoso, um quiosque perto da praça central. Pedimos tanto o sanduíche como a tapioca, e amamos a interessante combinação de ingredientes do Caboquinho – banana, queijo coalho e tucumã. Gente, que delícia! Preço justo e comida muito boa preparada na hora.
Todas as cachoeiras escolhidas para o dia ficavam a cerca de 60 km do centro de Presidente Figueiredo.
Cachoeira da Neblina
Primeira parada do dia foi na maior cachoeira de Presidente Figueiredo, com mais de 30 metros de altura. Para chegar nela é preciso percorrer uma trilha de 6km, cada trecho, na maior parte plana, sendo somente o quilômetro final em declive (logo, a volta é um aclive).
Nós contratamos um guia, mas a trilha em si não requer um, já que é aberta e bem demarcada. Porém, se quiser ir atrás da queda não o faça sem um guia. Perto da queda há muita correnteza, redemoinhos e é bem fundo, com risco alto de afogamento caso não saiba por onde ir.
O guia, hoje amigo, foi recomendação de uma colega. Hoje ele atua em outro ramo e só trabalha com indicação de amigos para amigos, por isso não deixo o contato dele.
Para chegarmos atrás da queda, ele utilizou cordas e nos deu suporte (vulgo, segurou minha mão!) todo o caminho. Valeu a pena. Só tivemos um visual parecido na nossa viagem pela Islândia, por um preço bem mais salgado!
Além da belíssima cachoeira, a piscina natural que se forma mais adiante da queda é super rasa, calma e dourada!
Na volta da trilha, dos 6 km, 5 foram embaixo de chuva torrencial. Por sorte começou só depois que chegamos na parte plana.
Todo o cuidado que tivemos na ida para não pisar nas poças d’agua foram em vão. Chegamos no carro até com a alma molhada!!! Mas com o calor que faz naquela terra, a chuva só veio para refrescar, em nada atrapalhando o rolê!
Entrada: R$ 10 por pessoa
Restaurante do Mirandinha
Famintos após nossa aventura, fomos almoçar no Restaurante do Mirandinha, com vista para a Represa de Balbina, onde foi possível avistar vários botos!
A comida é simples, caseira e muito gostosa. Não me lembro o preço exato, mas era algo entre 15 e 20 reais por pessoa o buffet à vontade. Valeu demais a pena, o peixe estava uma delícia!!
Cachoeira da Pedra Furada
Alimentados e ainda embaixo de chuva, seguimos nosso roteiro para a próxima parada, a cachoeira da Pedra Furada. A água passa por três orifícios na rocha, desaguando em uma piscina rasinha e calma de cor dourada.
Para chegar até ela fizemos uma trilha curtinha, nem 5 minutos, uma parte sobre rochas.
Entrada: R$ 10,00 e não precisa de guia.
Cachoeira do Mutum
Para visitá-la você terá que enfrentar uma trilha de 6km que pode ser feita em veículo 4×4 ou a pé. Entretanto, em época de chuvas mais intensas talvez nem o 4×4 chegue.
Além disso, é inseguro visita-la durante as cheias por causa da correnteza. Dê preferência ao período de seca.
O grande atrativo desta cachoeira são as diversas piscinas naturais encravadas nas rochas, muito semelhantes, contudo maiores, aos panelões do sumidouro no Paraná.
Nós demos muito azar. Chegamos na porta, mas não nos deixaram entrar por causa da chuva, mesmo estando acompanhados de um guia.
Em outras situações talvez não tivessem nos barrado. No entanto, como na semana anterior um homem havia morrido afogado no local, acredito que por isso estavam sendo mais cautelosos.
Fiquei bem chateada, era uma das cachoeiras de Presidente Figueiredo que mais queria conhecer.
É permitido acampar no local, R$ 20,00 a diária por pessoa.
Entrada: R$ 10,00
Outras opções de cachoeiras em Presidente Figueiredo
Com fácil acesso
- Cachoeira Asframa – tem restaurante. R$ 30 por veículo;
- Cachoeira de Iracema – Tem hotel e restaurante. R$ 10 por pessoa;
- Cachoeira da Onça – R$ 10 por pessoa;
- Parque do Urubuí – tem restaurantes e hotéis. Atração principal é o boia cross por causa da forte correnteza. Gratuito;
- Cachoeira Berro D’agua –R$ 10 reais;
- Cachoeira da Porteira – R$ 8 por pessoa, R$ 20 a diária por pessoa para acampar;
- Cachoeira dos Pássaros – R$ 5 por pessoa.
Para quem curte uma trilha
- Cachoeira da Sussuarana – Para acessá-la precisa fazer uma trilha de cerca de 1h floresta adentro. Recomendável o acompanhamento de guia. Permitida a prática de rapel desde que agendado no CAT, com guia especializado. Gratuito;
- Cachoeira Salto do Ipy – Necessária a presença de guia. Trilha de cerca 1h15. R$ 5 por pessoa;
- Cachoeira das Orquídeas – Para acessá-la precisa fazer uma trilha de cerca de 1,5 km, cada trecho. Gratuita.