Turismo animal: experiência ou exploração?
Hoje em dia as pessoas querem ir além de tirar fotos nos principais cartões postais dos lugares que visitam. Elas procuram experiências únicas e bárbaras, de fazer todo mundo invejar e querer fazer igual. Tenho certeza que você já sonhou, desejou e conta os dias para tirar aquela foto agarradinha em um golfinho ou em um filhote de felino para bombar nas redes sociais. Mas seria todo turismo animal um tipo de turismo de experiência ou podem ser somente mais uma forma de lucrar explorando os animais?
O que é turismo de experiência?
É um tipo de turismo que visa além do check in (resquícios do foursquare). Visa proporcionar experiências autênticas, marcantes e únicas ao aprender algo novo, viver algo diferente, conhecer novos sabores, dentre outras.
O turismo de experiência incentiva o turista a se aprofundar e se integrar à região que visita ao conhecer mais a realidade do local, sua cultura, costumes locais, o dia a dia dos moradores, sua história etc.
Alguns exemplos são:
- Se hospedar em comunidades locais;
- Turismo de aventura;
- Ecoturismo;
- Experimentar comidas regionais, aprender novas receitas com locais;
- Enoturismo etc.
Em geral, o turismo de experiência é amigável com o meio ambiente, estimula a consciência ambiental, o mínimo impacto de suas atividades, ou seja, o turismo não invasivo, do conhecer sem prejudicar. Há também a responsabilidade social ao incentivar a preservação cultural e histórica do local ajudando as comunidades locais.
Quando bem explorado, o turismo de experiência estimula a troca cultural, a evolução pessoal através do amadurecimento, do aumento da empatia e da diminuição de preconceitos.
Turismo animal
Dentre as diversas vertentes do turismo de experiência temos aquelas envolvendo animais. São diversos os exemplos deste tipo de turismo, muitos deles sonhos de consumo de muita gente.
No entanto, para manter algumas formas de turismo animal, em todo o mundo animais silvestres vêm sendo retirados de seu habitat natural e submetidos a uma vida em cativeiro, onde sofrem diversos tipos de maus-tratos físicos e psicológicos. Tudo isto em nome do entretenimento humano.
Me responda: várias curtidas, comentários valem essa forma insensível e cruel que o os animais são tratados? Para você é válido já que “o que os olhos não veem o coração não sente”?
A face oculta do turismo animal: quando a experiência esconde a exploração.
Elefantes
Principalmente na Ásia, os turistas são incentivados a interagir com esse animal selvagem, um dos mais perigosos do mundo, em estabelecimentos que vendem passeios em seu dorso, dar banho, alimentá-los com a mão, tirar fotos com os animais posando, venda de pinturas feitas por elefantes, dentre outras atividades.
“Dar banho em elefantes dentro de rios, por exemplo, está na moda e esse turismo intitulado “ético” e ecológico se apresenta como mais uma face perversa da exploração, muito embora os turistas geralmente não veem assim. Aqui também a gente pode constatar um exemplo de como o turismo ecológico ou sustentável que atualmente é defendido dentro de uma sociedade antropocêntrica pode ser uma grande armadilha para os animais não-humanos quando estes não estão incluídos como sujeitos de direitos.”
Saber Animal
O que está por trás disso?
Para manter esse tipo de turismo, os filhotes são retirados de seu habitat natural, separados de suas famílias para serem criados em cativeiro.
São utilizados métodos brutais de adestramento, utilizando objetos pontiagudos, coleiras, correntes para sufocar e limitar seus instintos mais básicos, para controlá-los. Não raro são espancados, machucados.
Sofrem não somente com dores físicas, causadas pelos objetos utilizados para adestra-los, para limitar seus movimentos, pelo ato de carregar humanos em seu dorso (não possuem estrutura corporal para tal), mas também com fome e sede devido à privação de comida e água. Sofrem com danos psicológicos face ao medo e sofrimento diários.
Geralmente são mantidos sob o sol, causando sérias queimaduras, sofrem com o isolamento social, pois são mantidos isolados do convívio com outros elefantes. Os elefantes são animais extremamente sociais entre si, vivem em bandos. Aprendem tudo uns com os outros.
Estima-se que haja 16 mil elefantes em cativeiro, a maioria retirados de seu habitat natural quando filhotes.
Em 2016 foi escancarado o turismo exploratório dos elefantes no Camboja, após um deles morrer de exaustão ao ter passado dias e dias carregando turistas de lá para cá, sem comer e beber água embaixo do sol escaldante.
Ainda tem vontade de expor essa selvageria na sua rede social?
Interação com felinos
Aqui eu entro com um exemplo meu. Sou completamente louca, maluca, retardada por felinos e quando ouvi falar do zoo de Luján na Argentina, entrou na minha lista de coisas que precisava fazer antes de morrer.
O zoo de Luján tem diversos felinos em cativeiro onde é possível tirar foto beijando um leão adulto, pegar no colo filhotinhos de 1-2 meses de idade, brincar com os filhotes mais velhos entre 4-6 meses de idade.
Gente, surtei nesse lugar. Foi a realização de um sonho. Isso aconteceu em 2011.
O que está por trás dessa fofurice toda?
As leoas, por exemplo, geralmente procriam a cada 2, 3 anos. Durante cerca de 2 anos há cuidado parental intenso, durante este período a mãe juntamente com o bando ajuda os filhotes a desenvolverem seus instintos e habilidades naturais.
Para manter esse turismo animal com felinos, as leoas são estimuladas a procriar de 2 a 3 vezes por ano! Seus filhotes são então tirados ainda pequeninhos para serem criados em cativeiro para aceitar que sejam manuseados e tocados por diversos turistas (Não muito diferente da exploração de cadelas e gatas para venda de filhotes de raça. Não compre, adote).
Durante sua exploração os filhotes se sentem acuados, indefesos que leva a queda de pelos, causam diarreia, estresse crônico também devido à privação de sono, cegueira parcial, fendas palatinas, deformidades vertebrais, disfunções cardíacas, pulmonares e renais.
Adestramento de felinos geralmente ocorre por acorrentamento e punição. São mantidos em jaulas minúsculas e precárias. Podem também ter seus dentes caninos e suas garras extraídos em um processo doloroso.
Quando já estão muitos grandes para serem manuseados, são sedados e castigados para se comportarem bem nas sessões com os turistas.
Descartáveis
Quando não há mais possiblidade de exploração dos felinos comercialmente, podem ser mortos ou vendidos para exposições itinerantes, ou mandados para safaris de caça para serem transformados em troféus, ou são vendidos para zoológicos e colecionadores de animais exóticos.
Para vocês terem noção só nos EUA existem 5 mil tigres em cativeiro, sendo que na natureza há 3200…
Os grandes felinos estão em situação de vulnerabilidade tanto pela destruição de seu habitat como pelas atividades irregulares de caça e captura de filhotes para fins comerciais. Animais criados em cativeiro nunca poderão ser devolvidos à natureza.
Cuidado com as recomendações da internet como o Templo dos Tigres na Tailândia, que é super recomendado pelo Skyscanner.
Nado com golfinhos
É nos golfinários ou delfinários que ocorre o encontro nada natural com golfinhos.
Ao escrever esse texto, me deparei com uma informação que me chocou profundamente. O absurdo já começa no momento que esses animais são capturados. Utiliza-se de barcos a motor que vão a alto mar e, através de métodos cruéis, os humanos os acuam e os capturam utilizando redes de pesca.
Para cada vivo, diversos mortos
Assim como os elefantes e os leões, os golfinhos são animais extremamente sociais entre si. A ruptura da estrutura e vínculo social, além do medo e sofrimento causados durante a captura levam à morte prematura de muitos dos golfinhos. Ou seja, para cada golfinho que você vê nesses locais de exploração, muitos morreram durante a captura ou precocemente em cativeiro.
Os que sobrevivem são mantidos em piscinas cloradas e minúsculas quando comparadas à vastidão dos mares. Em liberdade os golfinhos podem percorrer 1000 km em 20 dias. Imagina o quanto pode ser estressante nadar isso em círculos (não muito diferente das aves que são presas em pequenas gaiolas…).
O cloro causa problemas na pele e nos olhos. Queimaduras de sol não são raras, já que as piscinas são rasas demais para que eles possam se proteger dos raios solares. Doenças são causadas pelo contato humano, como o estresse que pode culminar em ataques cardíacos e úlceras gástricas. Também seus dentes são lixados ou arrancados para evitar que machuquem os turistas. Sério?! Mas tudo bem eles serem machucados?
As bordas lisas das piscinas prejudicam sua ecolocalização (lembra do Bailey de “Procurando Dory”?), enquanto o confinamento impede a manifestação de seus comportamentos naturais.
E aí, aquela foto agarrando o golfinho, aqueles shows de baleias e golfinhos no Sea World parecem tão legais agora?
A Marcelle do blog “Viciada em Viajar” listou 11 erros comuns de turismo envolvendo animais nas praias, um deles com golfinhos, com recomendações de como praticar um turismo responsável!
Outros exemplos de turismo animal exploratório
- Touradas e rodeios;
- Passeio de charretes e carruagens puxados por cavalos que levam à exaustão dos animais;
- Macacos dançantes na Ásia – sofrem as mesmas agressões e confinamentos dos elefantes e felinos;
- Os flamingos numa famosa praia de Aruba – falei detalhadamente sobre isso neste post do Instagram;
- Dança com ursos na Turquia, Grécia, Índia e Rússia;
- Nado com boto cor de rosa na Amazônia – os botos apresentam feridas no queixo e nadadeiras devido ao contato com os humanos;
- Pegar no colo bicho preguiça na Amazônia;
- Cobras que dançam e “beijam” na Índia e Marrocos.
Mais detalhes na matéria do World Animal Protection “O Show não pode continuar”.
Apoie e incentive o turismo animal consciente
Como? Pesquise bem sobre locais preocupados com o bem-estar, conservação e preservação dos animais.
Um excelente exemplo são os safaris na África em reservas naturais, nas quais os animais encontram-se em seu habitat natural e há mínima ou nenhuma interação humana. A beleza está em observar e apreciar.
Os safáris que fizemos na África do Sul e na Namíbia foram simplesmente incríveis!
Mas muito cuidado com as reservas particulares. Algumas exploram o turismo de caça, outras retiram os animais de outro ponto para colocar nas suas reservas, em uma densidade populacional que não ocorreria naturalmente, o que pode aumentar a rivalidade entre animais terriotoriais. Esses animais são monitorados 24h por dia, facilitando o avistamento desses pelos turistas que pagam fortunas nesses lugares considerados como safaris de luxo. Ótimo para você, péssimo para os animais.
Exemplos positivos
No entanto, existem muitos locais que estão preocupados sim com o bem-estar do animal e os “exploram” de forma consciente com o intuito de angariar fundos para custear seus gastos e também realizar lindos trabalhos de conservação e conscientização sobre o tema.
Um exemplo que visitei recentemente na Namíbia foi o projeto desenvolvido pela ONG Africat. Eles resgatam grandes felinos de reservas particulares, do tráfico animal e que já não mais podem serem reinseridos na natureza e desenvolvem pesquisas de conservação e educação ambiental. É possível visitar a reserva e observar esses animais, porém em nenhum momento há qualquer interação com eles, mesmo alguns sendo extremamente acostumados com humanos.
Outro exemplo positivo foi a observação de baleias em Hermanus, na África do Sul.
No entanto, nem tudo são flores
Fiquei enjoada após ler uma reportagem da National Geographic sobre o turismo com elefantes na Tailândia. De um lado eles mostram o estabelecimento Maetaman, onde os elefantes são maltratados para fazerem pinturas com suas trombas, “posar” para fotos com turistas e transporta-los em seus dorsos. Do outro lado o estabelecimento Ecovale, pertinho do primeiro, onde nada disso é permitido. O local vende a imagem de ético e preocupado com o bem-estar do animal.
Tudo lindo e maravilhoso, no segundo caso, né? Então, os dois estabelecimentos são da mesma empresa. Os elefantes são os mesmos. Um dia o elefante X está em um local e no outro dia no outro…
Não seja esse tipo de turista
Concordo que observar animais selvagens é incrível. No entanto aquele bicho-preguiça que você pegou no colo na Amazônia tem sua expectativa de vida reduzida para 6 meses, versus 20-30 anos que poderia viver livre na natureza, face ao estresse e às condições precárias que vive em cativeiro.
Mesmo você que ama os animais pode não ter percebido o sofrimento que está causando neles ao suportar esse tipo de turismo. Logo, antes de incluir uma atração no seu roteiro que envolva animais:
- Pesquise – há interação com animais? Como eles são tratados, quais as condições em que vivem, de onde vêm?
Se você pode chegar muito perto, interagir, tocar no animal isso tá muito errado. Exclua das suas opções.
- Tire dúvidas – com quem já foi, na internet, com a empresa que oferece o serviço, se o local tem políticas de bem-estar do animal.
Este animal tem comida e água? A área de descanso é protegida do sol, chuva, está limpa? Estes animais passam por maus tratos e sofrimento? Este é o comportamento natural do animal? Dá para perceber se estão em situação de estresse?
Se você se encontrasse com um elefante, leão, tigre na natureza você iria na direção dele? Você já viu alguém dando beijinhos e nadando nas costas de um golfinho em alto mar?
Outro exemplo pessoal
Nunca vou esquecer quando visitei o zoo de São Paulo com a faculdade (sou bióloga) e vi que uma pantera negra e um outro pequeno felino (creio que um gato mourisco) estavam realizando comportamentos repetitivos e estereotipados, sinal típico de estresse.
No entanto, vale ressaltar que muito zoológicos lidam somente com animais que foram recuperados de circos, de pessoas que os tinham como pets e que não podem mais ser reincorporados à natureza.
Mas essa discussão sobre zoológicos e aquários rende muito, então será assunto para um próximo post. De qualquer forma a palavra chave é: pesquise muito!
- Faça escolhas certas – não suporte locais que explorem animais silvestres. Simples assim.
Pense antes de experimentar uma comida exótica, comprar um souvenir de origem animal – pode ser que aquela comida utilize animais ameaçados de extinção. O souvenir pode estar incentivando a caça e comércio ilegal de animais.
Assim como cultura não é desculpa para maltratar animais, como ocorre com as cobras dançantes na Índia e Marrocos. Essas cobras são confinadas, malnutridas, têm suas presas arrancadas e suas glândulas produtoras de veneno bloqueadas.
Turismo animal responsável e consciente
- Animais devem ser observados na natureza, livres, no seu habitat natural, nunca presos. Exceção para aqueles locais que realmente se preocupam com o bem-estar desses animais. Muitos destes já foram explorados e maltratados a ponto de não poderem mais viver na natureza. Esses locais precisam do dinheiro do turismo para manter seus projetos e dar uma melhor condição de vida àqueles animais que já sofreram tanto antes;
- Aprecie, observe de uma distância mínima e segura de forma que não interfira no comportamento natural do animal;
- Mantenha o silêncio, a ordem, não ofereça qualquer tipo de alimento ou isca para incentivar a aproximação de animais;
- Não deve nunca existir qualquer tipo de contato direto com o animal. Animais não são brinquedos que você usa como acessório nas suas fotos. Não poste, não curta, não comente quem publica esse tipo de foto;
- Se a atividade turística incentiva essa interação negativa com animais, não é turismo de experiência, é exploração.
Use as mídias sociais de forma positiva
- Divulgue instituições sérias;
- Fale sobre os problemas do turismo animal exploratório;
- Denuncie;
- Não estimule a divulgação de fotos e vídeos que incentive esse tipo de turismo.
Conclusão
O turismo de experiência deve envolver respeito pelas pessoas, pela cultura, pelo meio ambiente e também pelos animais.
Mesmo aquela tribo que você pensa em visitar. Tenha certeza de que sua visita não interfere na cultura deles e que qualquer valor que você pague por isso influencie positivamente na manutenção de suas raízes. Em breve escrevo sobre a experiência que tivemos na Namíbia.
Desconhecimento? De quem é a responsabilidade?
Não podemos utilizar como desculpa o desconhecimento, ainda mais hoje em dia em que o acesso a informação é tão fácil. E se podemos viajar e pagar por essas atrações, não podemos também utilizar a desculpa que nem todos têm esse acesso, porque nós o temos.
A responsabilidade é de todos, de quem vende a atração e de quem paga pela atração. Se tem quem pague, tem quem a explore.
O que aprendi e o que posso fazer
Já paguei sim por atrações que exploram animais, como Sea World, Zoo de Luján, praia dos flamingos em Aruba, já peguei tartaruga marinha na mão, dentre outros maus exemplos. Me arrependo e me envergonho amargamente.
Não desconhecia o mal que fazia, na verdade não dava muita importância. Hoje, com a consciência ecológica, amadurecimento e conhecimento que tenho, uso minha influência para tentar desmistificar o turismo animal e convencer as pessoas de forma positiva principalmente no quesito envolvendo animais. Eles não têm voz, mas eu tenho!
Se UMA pessoa desistir de fazer essas atividades que citei ao longo do texto, meu sucesso foi total!
Turismo de Experiência
Tem interesse pelo turismo de experiência? Segue alguns exemplos dados por alguns blogs parceiros:
- Só Penso em Viajar – Amazônia, viva essa experiência: dicas e roteiro
- Disney e Outros Lugares Incriveis – Pasolivo: Deguste azeites deliciosos (e veja como são feitos!) na linda Highway 1
28 Comentários
Pingback:
Deyse Marinho
Ótimo texto sobre o turismo de experiência com animais e as diferenças entre ele e o turismo exploratório com os animais. Hoje me alegro muito porque há muitas organizações sérias empenhadas em realizar um turismo sério, consciente, respeitoso e de preservação animal em diferentes lugares do mundo! Ótimos apontamentos!
barbaracortat
Pois é, estamos evoluindo, mas a parte ruim ainda se sobressai demais e é essa que o povo quer, pois são as que mais rendem curtidas e comentários.
Mairim Serafini
Amei o teu texto Bárbara. De fato eu acho que tem muita falta de informação das pessoas sobre o assunto. Amei as suas fotos chocantes “no bom sentido”. Não gostei de ver o sofrimento dos animais mas gostei de você ter posto elas aqui para dar uma sacudida nessa galera que pensa que tudo são flores. Eu não assisto muito tv mas há uns dois anos eu acho eu estava em algum estabelecimento e tava tendo um especial da Ana maria Braga e ficou mostrando ela na Florida..nadando com golfinhos…e outras explorações…me deu nauseas aquele programa. Como podem não ter noção do que estão incentivando? Parabéns mais uma vez pelo post.
barbaracortat
Muito obrigada Mairim. Fico muito feliz de saber que surtiu o efeito que eu queria. Não é legal ver, mas é necessário.
E como você acho revoltante que famosos postem e incentivem esse tipo de turismo, quando deveriam ser os primeiros e se questionar, pesquisar antes de jogar algo para um público enorme que influenciam.
Cecília
Bárbara, nunca tinha visto um texto tão aprofundado sobre este assunto. E acho que muitos turistas não pensam nisso também. Já estive no Sea World e bati palmas para as perfomances da Samu (orca que vivia lá em 1991).
Aqui em São Vicente tinha uma atração na praia que se chamava Golfinho. Cresci vendo os golfinhos pulando para pegar peixes num tanque pequeno e com água do mar não muito confiável. Muitos anos depois ele foi desativado e os golfinhos que viviam ali em cativeiro foram devolvidos ao mar depois de um período de readaptação à vida marinha.
A gente não pensa muito sobre isso, mas eu já me indignava com os leões do Lujan. Todas as fotos que via me faziam pensar sobre como eles podiam agir daquela maneira. Agora entendo que eram explorados mesmo. Por sorte nunca fui neste zoo.
Adorei seu post. Precisa ser amplamente divulgado.
barbaracortat
Antes não tínhamos tanto acesso à informação. Mas hoje em dia não podemos usar essa desculpa. Ainda bem que muitos estão repensando suas ações, como você, e deixando não só de fazer esse tipo de turismo, mas também ajudando na divulgação de que não é algo “cool”.
Verônica Rodrigues
Bárbara, este post vai criar muitos e muitos momentos de reflexão no seu leitor. A gente só começa a refletir sobre o assunto quando tem a primeira experiência, acho. Foi o que aconteceu comigo depois de nada com golfinho no México. Não faria de novo. Achei ótimo todo o seu conteúdo. Meus sinceros parabéns.
barbaracortat
Muito obrigada pelas suas palavras e fico muito feliz que você também tenha reconsiderado suas ações do passado, como eu!
Noelia
Que post incrível! Triste saber da realidade de alguns lugares turísticos e dessa exploração animal. Fiz um uma vez para conhecer o cavalo marinho no nordeste, até hoje me pergunto “ pra que ?” “E o por que?”. Não curti o passeio e me arrependi! Adorei o seu alerta para que façamos uma pesquisa antes sobre o lugar e suas atividades. Parabéns pelo post!
barbaracortat
Temos que ser turistas conscientes. Ao contrário, pode ser que nada disso exista no futuro e a gente só conheça pelos livros.
Daniela
Bárbara, chorei lendo seu texto… Sempre fui apaixonada por animais e teve uma época na minha infância que queria ser treinadora de baleias no SW. Não tinha consciência dos mal tratos que esses animais sofrem até alguns anos atrás, quando começaram a pipocar as denúncias.
Depois que vi o tamanho do tanque em que as baleias do SW vivem (e nem tinha visto o tal documentário ainda) eu nunca mais voltei ao parque. Não acho que haja maus-tratos tipo baterem, privarem de alimentos e tal, mas o fato de manterem um animal daqueles em um tanque que parece uma piscina Tony é de uma crueldade extrema! Fora os inúmeros shows/dia… Ainda bem que agora estão adotando outra postura e não há mais procriação em cativeiro, somente resgate de animais em perigo! Que assim seja!
Fiquei chocada com esse número de tigres nos EUA X natureza. Vi no documentário Tiger King e não acreditei!
Parabéns pelo post
barbaracortat
Eu chorei horrores lendo para escrever esse post. Li algumas coisas que não citei no meu texto que me deixaram enjoada.
Em outro momento também já li que em alguns lugares, incluindo alguns parques do SW, eles negligenciam feridas.
A violência física é só um dos tipos de violência que existe. Em alguns casos, a violência psicológica e privativa de liberdade pode ser muito pior.
Pamela
Não tenho palavras para escrever sobre seu post! Lindo, tocante e de extrema importância. Assim como vc já financiei esse tipo de turismo de experiência e que na verdade é uma exploração.
Dá para ver claramente o sofrimento no olhar dos animais em cada foto que postou.
Sobre os felinos, assisti um filme “A menina e o Leão” que mostra essa realidade de quando o leão não tem mais utilidade. Ele é colocado em lugar fechado para “seres humanos” caça-lo e mostrar os seu “troféu”.
Por um mundo melhor, ainda tenho esperança!
barbaracortat
Eu também tenho, pois a cada dia surgem opções verdadeiramente preocupadas com a preservação e bem estar do animal e também pessoas ajudando a defender essa causa. De gota em gota a gente enche o copo!
Hebe
Barbara parabéns pelo seu post, acho que todo mundo deveria ler, super bem colocado a diferença entre o turismo experiencia e o que explora os animais. Te confesso que me emocionou real!
barbaracortat
Foi bem difícil escrever esse texto. Chorei, me revoltei, me deu mal estar, mas é preciso fazer isso.
Fico feliz que tenha gostado e visto a importância!
Erika de Oliveira Rabelo
Estive da África do Sul em um parque nacional onde os animais são vistos em seu habitat natural sem qualquer interação, tínhamos que ficar em silêncio inclusive, mas visitei um local chamado Ukutula Lion Park, fizemos uma caminhada com 3 leões jovens. Não podíamos tocar nem sequer nos mover a frente deles, só observar mesmo. Mas os filhotes podem ser tocados. Pesquisei muito e não encontrei nenhum comentário negativo ou indício de maus tratos, mas a interação com os filhotes me incomodou. Você tem informações se esse local em que fui é idôneo?
barbaracortat
Já ouvi falar sobre esse lugar. Só o fato dele tirar os filhotes da mãe para que possa interagir com humanos já tá muito errado. Esses animais sofrem demais com a separação, muitas vezes a mãe nem os aceitam mais depois disso, e como o fato de serem manipulados por várias pessoas que raramente têm o cuidado necessário. Possivelmente nunca mais poderão voltar à natureza. Infelizmente muitos ligares usam esse argumento de que resgataram animais para justificar o que fazem. Instituições sérias os resgatam e não permitem qualquer tipo de interação, exatamente para não causar mais estresse e quem sabe ter alguma possibilidade de retornar esses animais ao seu habitat depois de cuidados.
Simelli
Erika também fui no Ukutula, na época não tinha a consciência que tenho hoje, brinquei com os filhotes, passeei com os adultos, mas mesmo sem tocar nos adultos imagino o quanto foram machucados para serem domados daquela forma, lembro de todos os leões que estavam na caminhada terem cicatrizes, mas os responsáveis pelo local tentan passar a ideia que foram “resgatados” assim. Um grupo de brasileiros levou um tradutor português no dia que fiz a visita, ele traduzia tudo o que a guia falava em inglês, ao final da tradução correta, ele sempre emendada uma ironia dando a entender que o local não era correto, nem ético com os animais. Como não fui eu que contratei, e ele falava um português de Portugal eu ouvia partes de algumas falas dele e comecei a tentar ouvir. Tinha um lugar, uma sala vazia que eles apresentam como um centro de pesquisa ele falou que sempre estava vazio como se fosse uma “fachada” para parecer que faziam pesquisas, e no final quando tem leões em um lugar cercado, ele disse que serviam de caça para quem tinha dinheiro pra pagar. Logo depois de traduzir o que a moça falava em inglês, ele fazia umas observações rápidas nesse sentido. Eu saí de lá muito incomodada, e passei a pesquisar melhor sobre bem estar animal, hoje não faço mais nada de turismo com animais. Que bom que sempre é tempo de refletir nossas ações. Bárbara parabéns pelo texto.
barbaracortat
Obrigada por compartilhar sua experiência, Simelli!
Ângela Martins
Muito importante esse post! Temos responsabilidade na escolha que fazemos. Nem sempre o turismo animal é um turismo de experiência. A exploração não devia existir. Fiquei com o coração partido ao ler parte do post.
barbaracortat
Infelizmente tem muito lugar vendendo como experiência. Experiência só para o humano, porque para o animal é um pesadelo.
Juliana
Turismo animal é exploração e precisamos falar mais disso sim! Seu texto apesar de intenso, é mais que necessário. Chorei aqui, já fiz isso e me arrependo profundamente. Na Amazônia o passeio com os botos achei bem consciente, eles estavam soltos no rio, não foram segurados, forçados, nada. Mas tive um outro passeio lá que paramos num ponto de apoio e vieram com vários bichinhos pra gente tirar foto, fui pega de surpresa, fiz e odiei… ainda não consegui falar disso, mas pretendo.
barbaracortat
Algumas coisas por mais que doam precisam ser faladas. Nós influenciamos muitas pessoas que podem influenciar outras. E nisso atingimos muito mais gente que imaginamos.
Nathalia Geromel
Não consigo expressar em poucas palavras o quão tocante foi o seu post! Essa diferença entre turismo de experiência e turismo exploração, pouquíssimas pessoas conhecem, não é verdade? Super importante esse tópico, parabéns por trazer esse assunto por aqui.
barbaracortat
Muito obrigada Nathalia. É preciso diferenciar mesmo, algo que parece ser uma experiência, se torna um pesadelo que só acaba com a morte do animal.
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