Roteiro de carro no inverno da Serra Catarinense.
Após muitos imprevistos finalmente no inverno de 2022 conseguimos tirar do papel o roteiro de carro (e carretinha!) pela serra catarinense.
Em nosso roteiro original seriam 12 dias percorrendo os principais pontos da Serra Catarinense. No entanto, por causa do ciclone extratropical que atingiu a região em cheio bem na época que fomos (começo de agosto, lembram?), tivemos que cancelar parte dos nossos planos e voltar antes para casa.
Ainda bem que tomamos esta decisão, pois no dia seguinte ao da nossa chegada em São Paulo, vimos as notícias de quedas de árvores e de energia, dentre outros problemas, e Santa Catarina em estado de alerta.
Como foi viajar de carretinha e barraca de teto em pleno inverno?
Amantes de frio como somos, estávamos em êxtase.
Mas lógico que não fomos na louca. Gostamos de acampar, mas temos nossos confortos. Nossa carretinha tem caixa d’água e aquecedor de água, que usamos tanto para tomar banho como para lavar louça, além de geladeira e fogão. Tem o que melhorar ainda, mas percebemos que conseguimos fazer camping selvagem bem de boa!
Como estávamos com dois amigos que estavam com barraca de chão, não foi dessa vez que nos aventuramos nos campings selvagens e postos de combustível para economizar com camping (como fizemos na nossa road trip pelos Campos Gerais, no Paraná).
Contudo, diferentemente de São Paulo, onde os campings tão com preços bem abusivos, os campings de Santa Catarina têm em sua maioria ótima estrutura por preços bem justos.
Assim, com a estrutura da nossa carretinha e os bons campings que ficamos, mesmo no dia em que a temperatura ficou negativa lidamos muito bem com as baixas temperaturas durante toda a viagem.
Contudo, para fazer a tão sonhada expedição Ushuaia, percebemos que vamos precisar comprar um aquecedor de ar, pois nesse dia que a gente pegou temperatura negativa, se não estivéssemos em um camping com área coberta, acho que teríamos sofrido um pouquinho com o frio durante a noite.
Mas eu não gosto de acampar e moro longe de Santa Catarina, o que faço?
Não tem problema, esse roteiro também é factível para quem prefere hospedagens tradicionais ou airbnbs, e para quem chega de avião por Florianópolis. Alugue o carro no aeroporto. O bom que você ganha os dois dias que perdemos com o deslocamento de/para São Paulo!
A grande vantagem de acampar é que mesmo indo na alta temporada, não precisamos reservar nenhum camping, permitindo mudar o roteiro a qualquer momento. Deixei algumas opções pré-selecionadas e quando a gente tinha certeza que seguiria viagem, eu entrava em contato para avisar que a gente estava a caminho.
No entanto, isso também é possível com hospedagens tradicionais. Deixe algumas pré-selecionadas (especialmente em alta temporada é bom ter ao menos umas 5 opções) e reserve somente no dia.
Mas se você não tem coragem para isso, também não tem problema. No fim deste post deixo algumas observações que você pode considerar na hora de fechar o seu roteiro pela serra catarinense e, consequentemente, suas hospedagens!
Como ficou de fato nosso roteiro de carro pela Serra Catarinense saindo de São Paulo
Dia 1 – Deslocamento São Paulo – Blumenau
O primeiro dia do nosso roteiro pela Serra Catarinense foi só com o deslocamento até Blumenau. A viagem levou 8h30, incluindo parada para almoço.
Como estávamos de carretinha, a velocidade máxima permitida que podemos circular é a mesma de ônibus e caminhões. Assim, para quem vai só de carro, a viagem provavelmente será mais curta, caso não tenha nenhum imprevisto no meio do caminho.
Lá escolhemos o Camping Remanso-Açu, localizado a cerca de 10km do centro da cidade. Apesar de estarmos bem pertinho do centro, o camping está numa área super sossegada, com basta área verde às margens do rio Itajaí-açu.
Dia 2 – Pomerode
O dia foi reservado para conhecer Pomerode, cidade vizinha a cerca de 19km de Blumenau.
Pomerode se considera a cidade mais alemã do Brasil. A arquitetura típica está em quase todas as edificações da cidade.
Iniciamos pelo Pórtico da cidade, depois caminhamos pelo centrinho, passamos na Loja de Porcelana Schmidt, tentamos almoçar no restaurante Currywurst, porém estava fechado. Então, nos recomendaram comer no Rancho Lemke, que naquele dia servia buffet de comida alemã.
Depois percorremos a Rota Enxaimel, subimos o Morro do Schmidt para curtir o fim do dia (trilha 4×4) e fechamos o dia com o pé direito com o tour pelo fábrica da Nugali Chocolates, que valeu cada centavo!!!
Dia 3 – Blumenau e deslocamento para Alfredo Wagner
Desmontamos acampamento e antes de mais nada passamos na loja da Blue Camping, uma loja que vende barracas de teto e outros itens para acampamento. Finalmente compramos nosso sonhado porta potti (vulgo banheiro químico portátil).
Para quem curte essa pegada de camping, trailers e motorhomes, em Blumenau há diversas lojas e fábricas.
Depois passamos na loja de fábrica da Karsten, mas não achamos que os preços valiam muito a pena. Talvez a gente não tenha dado sorte.
Tentamos parar nos pontos turísticos no centro de Blumenau mas foi simplesmente impossível estacionar o carro em plena segunda feira, e a gente nem tava com a carretinha. Se possível tente fazer essa parte no fim de semana ou feriado.
Ao menos foi fácil estacionar para conhecer o Parque Vila Germânica, local onde ocorre a famosa Oktoberfest. Lá há alguns bares e restaurantes servindo comida e bebida típicas. Escolhemos a Choperia e Restaurante vila germânica, que serve um buffet de comida alemã. O eisnbein tava delicioso!
No meio da tarde pegamos estrada para finalmente iniciar o roteiro pela serra catarinense. O plano era chegar antes do pôr do sol e escolher um camping perto ou nos Soldados Sebold, contudo pegamos um acidente grave na serra que nos deixou parados por mais de 1h.
Quem disse que não teria perrengue bárbaro!
Chegamos no centro de Alfredo Wagner por volta das 20h, sem possibilidade de fazer check in em nenhum camping naquele horário. O que fazer? Vamos de camping selvagem. Procuramos no iOverlander um local, no caminho para os Soldados.
Sem encontrar o local indicado, paramos em frente a uma casa para conversarmos e decidirmos o que fazer, quando a senhora dona da casa, preocupada com aquela movimentação, veio até a janela perguntar o que tava rolando. Explicamos a situação, e não é que ela deixou a gente ficar num terreno vazio dela que ficava mais acima no morro? Que céu minha gente!!
É incrível que sempre no meio de um perrengue bárbaro aparece um anjo da guarda nas nossas vidas!! E ainda bem que a gente tinha comprado o porta potti!!
Dia 4 – Soldados Sebold (Alfredo Wagner) e deslocamento para Urubici.
Deixamos a carretinha em frente à casa da senhora que nos ajudou (pedimos mais esse favor para ela), pois a estrada até lá tem um trecho 4×4 que seria mais trabalhoso de transpor com a carretinha e nos tomaria um tempo precioso.
Como não havia chovido, a estrada estava bem tranquila. As paisagens por todo o caminho já são maravilhosas, mas definitivamente nada bate o visual dos soldados.
No tempo que tínhamos disponível fizemos algumas trilhas mais curtas e ficamos com aquela dor no coração de não ter conseguido acampar por lá na noite anterior.
Caso não queira acampar, não se preocupe, o local conta também com chalés.
No fim da tarde seguimos viagem para Urubici, onde ficamos acampados por três noites no camping Pedra da Águia, que também tem duas casas para alugar.
Dia 5 – Cânion Espraiado (Urubici)
Como chegamos já à noite e o local é bem escuro, a gente não teve noção de onde estávamos acampando. Mas quando amanheceu e a neblina baixou a gente se impressionou com aquele paraíso. O camping fica rodeado de montanhas e araucárias com um rio o cortando. Simplesmente perfeito (foto de destaque do post)!
Era dia de conhecer o Cânion Espraiado, que fica na mesma estrada de acesso ao camping.
Compre seu ingresso online, que fica mais barato, e vá de botas impermeáveis, porque é fato que você irá molhar os pés se fizer a trilha principal do local.
Ficamos até quase o pôr do sol, amamos esse lugar!
Dia 6 – Serra do Corvo Branco e Morro da Igreja (Urubici)
Iniciamos o dia pela Serra do Corvo, que também fica perto do camping Pedra da Águia. Como a estrada estava fechada, aproveitamos para descer um pouco a pé e curtir o visual.
Ali na região fica o Altos Corvo Branco, que tem alguns mirantes e um balanço infinito que você pode visitar pagando um preço bem salgado, na minha opinião. A gente ficou bem satisfeito de caminhar pela serra, de onde pudemos apreciar toda a vista de graça.
Depois seguimos para o centro para pegar nosso ingresso para Morro da Igreja na sede do ICMBio. O ingresso é gratuito, porém é necessário fazer o agendamento prévio pelo site e retirar pessoalmente no ICMBio.
Já que estávamos no centro, aproveitamos para almoçar e passar no supermercado. Fomos no restaurante O Bifão que serve comida honesta, gostosa e preço justo. Nada turístico, mas bastante frequentado por overlanders e afins, vide o número enorme de adesivos na porta de entrada!!
Depois do Morro da Igreja, passamos na Gruta Nossa Senhora de Lourdes, que é um lugar que vale a pena visitar pelo paisagismo, mesmo que você seja ateu ou siga outra religião.
Saímos da Gruta embaixo de chuva intensa e fomos obrigados a finalizar o dia. Ainda bem que já era fim de tarde. Nesta noite sentimos um pouco da fúria do ciclone que estava chegando, chegou até a rasgar nossa barraca e a cabaninha do banheiro, face à intensidade dos ventos.
Dia 7 – São Joaquim e deslocamento para Bom Jardim da Serra
Iniciamos o dia desmontando o acampamento e pegando estrada para São Joaquim, onde fizemos um almoço harmonizado com vinhos nos vinhedos Monte Agudo. Passamos boas horas por lá, aproveitando cada prato e cada vinho. Amamos toda a experiência.
Depois passeamos um pouco pela vinícola antes de darmos uma volta pelo centro e seguirmos viagem para Bom Jardim da Serra, onde escolhemos o Camping Ronda para passar três noites.
Nossos amigos, que nos acompanhavam, decidiram passar mais algumas horas em Urubici e foram visitar a Cachoeira do Avencal, já que não bebem.
Dia 8 – Cânion das Laranjeiras e Fazenda Rincão da Palha (Bom Jardim da Serra)
O dia foi só para a Cânion das Laranjeiras, que tem acesso pela Fazenda Rincão da Palha. Fomos recebidos pelo Benito, super gente boa, que nos explicou direitinho toda a trilha e os cuidados que tínhamos que tomar. O ingresso inclui um lanchinho e uma garrafa de água.
A trilha para chegar até a beira do cânion tem cerca de 5,5km, cada trecho, boa parte plana. Caso não seja essa sua pegada, você pode contratar o passeio 4×4 para visita-lo.
Para o nosso azar o cânion fechou completamente com a neblina um pouco depois de chegarmos e só vou dissipar tudo no fim da tarde.
Ainda bem que a gente tava de boa no dia e pudemos esperar!
Na volta o Benito nos levou para conhecer a fazenda e conversa vai, conversa vem acabamos ficando por lá até umas 20h, juntamente com os pais e duas amigas dele. Foi um dia muito gostoso, mesmo com o tempo não colaborando muito.
Ah! Você pode se hospedar na Fazenda Rincão da Palha, tanto em quartos, como no camping!
Dia 9 – Cânion do Funil e Cascata da Barrinha (Bom Jardim da Serra)
O ciclone fechou de vez o tempo na Serra Catarinense. Tentamos visitar o cânion do funil, mas a neblina não dissipou nem com reza brava.
Então fomos passear pelo centro de Bom Jardim da Serra, almoçamos com calma no restaurante Mensageiro da Montanha, de onde teríamos uma vista linda da Serra do Rio do Rastro.
Desistimos de visitar o cânion Ronda, que era gratuito para hóspedes do camping, por causa da intensa neblina.
Dia 10 – Dunas de Itapiruba e deslocamento para Barra Velha
Por causa dessa mudança brusca do tempo, decidimos encurtar nossa viagem. Nossa próxima parada seria nas Pirâmides Sagradas, em Grão Pará, mas entrei em contato com o camping e eles disseram que por lá o tempo também estava super fechado e querendo chover.
Então começamos nosso regresso para São Paulo. Não conseguimos ver absolutamente nada na descida da Serra do Rio do Rastro, que tem vários mirantes.
O tempo só abriu ao pé da Serra, mas ainda bastante nublado. Decidimos seguir viagem até Barra Velha, onde ficamos no camping Rota 89 que fica ao lado da BR e da praia, e também tem opções de hospedagem em kombis, motorhomes e cabanas.
Antes, paramos nas dunas Itapiruba e só não acampamos por lá porque começou a chover. Valeu a pena a parada!
Dia 11 – Deslocamento para São Paulo
Antes de seguirmos viagem demos uma volta pela praia em frente ao camping e seguimos de Barra Velha direto para São Paulo.
Roteiro original pela Serra Catarinense
- Dia 1 – Deslocamento para Blumenau. Pernoite em Blumenau;
- Dia 2 – Pomerode. Pernoite em Blumenau;
- Dia 3 – Blumenau e deslocamento para Alfredo Wagner. Pernoite nos Soldados de Sebold ou próximo;
- Dia 4 – Soldados de Selbold e deslocamento para Urubici. Pernoite em Urubici;
- Dia 5 – Urubici. Pernoite em Urubici;
- Dia 6 – Urubici. Pernoite em Urubici;
- Dia 7 – São Joaquim e deslocamento para Bom Jardim da Serra. Pernoite em Bom Jardim da Serra;
- Dia 8 – Bom Jardim da Serra. Pernoite em Bom Jardim da Serra;
- Dia 9 – Bom Jardim da Serra. Pernoite em Bom Jardim da Serra;
- Dia 10 – Serra do Rio do Rastro e deslocamento para Grão Pará. Pernoite Pirâmides Sagradas;
- Dia 11 – Grão Pará. Pernoite Pirâmides Sagradas;
- Dia 12 – Deslocamento para São Paulo.
Mudaria algo no nosso roteiro de carro pela serra catarinense?
Uma das coisas que vacilei foi em não ter calculando bem o deslocamento entre as cidades, especialmente considerando que em trechos de terra com a carretinha levamos um pouco mais de tempo.
Mas fora isso, acho que nosso roteiro pela Serra Catarinense ficou ótimo para o que queríamos fazer. O tempo em cada cidade foi mais do que suficiente. Se fosse visitar outras atrações de Urubici, precisaria de mais um dia.
Já para São Joaquim, caso quisesse visitar mais vinícolas, também precisaria de mais um dia.
Só sei que quero voltar para concluir nosso roteiro pela Serra Catarinense e ver aquilo que não pudemos ver por causa da mudança brusca do tempo. Se teve uma viagem que vimos paisagens lindas e vivemos muitas experiências bárbaras pelo Brasil, definitivamente foi essa!