Islândia imperdível: trilha no glaciar e caverna de gelo
Uma das coisas que tinha mais vontade de fazer ao planejar minha viagem para a Islândia era conhecer uma caverna de gelo. As fotos que via eram incríveis e queria muito ter essa experiência também.
Ao iniciar minhas pesquisas vi que algumas empresas ofereciam, além desse tour, uma outra opção mais completa, que incluía uma trilha pelo glaciar, sendo uma das paradas na caverna de gelo.
Ah! Era isso mesmo que eu queria. Afinal, quantas vezes terei a oportunidade de andar sobre um glaciar de milhares de anos?
You can read about this ice cave tour in English!
E qual agência escolher?
Há ao menos uma dezena de agências que oferecem o tour básico e o tour mais completo. O preço é praticamente tabelado, diferindo no máximo uns Kr 2000 entre elas.
Assim, os parâmetros que usei para escolher foram:
– Comentários no google e no tripadvisor;
– Descrição do tour;
– Tamanho da agência.
Por que o tamanho da agência? Porque quanto mais conhecida for, maiores serão os grupos e, portanto, pior será a experiência do tour. Grupos com menos pessoas sempre acabam resultando em uma experiência mais gratificante.
Analisando todos esses parâmetros, nossa escolhida foi a Glacier Adventure.
Glacier Adventure
É uma agência local familiar que oferece diferentes tours, em todas as estações do ano, na região do maior glaciar da Europa, o Vatnajökull, sempre em grupos pequenos.
O ponto de encontro da agência fica em Hali, um pequeno vilarejo onde você encontrará hotel, pousada, restaurantes e até um museu sobre o escritor islandês Þórbergur (1888-1974), que nasceu ali mesmo.
Além disso, está a apenas 12km de Jökulsárlón e da Diamond Beach, uma enorme lagoa com icebergs e uma praia de areia negra cheia de enormes pedras de gelo, duas das atrações mais populares da Islândia.
Nossa experiência com a Glacier Adventure
Todo nosso contato foi por e-mails, que eram rapidamente respondidos. Assim que confirmamos o dia que queríamos realizar o passeio para o glaciar e caverna de gelo, já nos foram enviados os vouchers e todas as informações que precisaríamos para o dia, como o que vestir, calçar e levar.
O pagamento foi realizado lá mesmo, no dia do passeio. Você pode pagar em euros, dólares ou coroas islandesas, em dinheiro ou cartão.
Primeiros passos
Assim que chegamos, fomos recepcionados pelo nosso guia Rick, um neozelandês que vive já há 6 anos na Islândia.
Achei interessante ele ter deixado um país lindo para ir para outro. Até perguntei qual ele achava mais bonito. Prontamente me respondeu Nova Zelândia (acho que tem um viés aí). Acho que terei que tirar essa road trip do papel logo para poder comparar!!
Antes de qualquer coisa ele olhou para os nossos calçados para saber se eram adequados para o uso dos grampos para gelo.
Os meus não tinham um bom solado, eram botas para neve, mas muito maleáveis, que não seriam adequadas para prender os grampos, então ele me forneceu botas mais apropriadas. Os do Yu também eram botas de neve, mas eram largas demais para caber nos grampos. Também foi com as botas emprestadas. Muito confortáveis, por sinal.
Isso achei legal, na agência você encontrará tudo que possa precisar, tanto para aluguel como para compra, dentre calçados e vestimentas.
Depois ele nos deu as cadeirinhas de segurança, usadas para nos prendermos em cordas pré-fixadas em locais com maior risco de queda, e os capacetes.
Só depois que estávamos com todo o equipamento de segurança que ele deu um breve resumo de como seria a atividade do dia.
Nosso grupo era composto por 5 pessoas, além do guia.
Ah! Há estacionamento, banheiro, chá, café e chocolate quente gratuitos na agência!
Rumo ao glaciar!
Todos devidamente paramentados, seguimos para nosso jipe com enormes pneus de neve. Até chegarmos ao glaciar seguimos por uma estrada bem acidentada entre as montanhas por cerca de meia hora. O cenário é incrível, como tudo na Islândia! Quando fomos, não havia neve no caminho, mas Rick nos disse que no inverno nem é possível saber onde fica a estrada.
Depois de estacionar, ainda caminhamos mais uns 20 minutos até chegar no glaciar. Por causa dos ventos da semana anterior (que superaram os 200km/h), o glaciar estava todo coberto por cinzas vulcânicas escuras, a ponto de ficarmos em dúvida se aquilo ali era gelo mesmo!
No dia ventava bastante, tanto que o Rick teve que avaliar bem se seria seguro caminharmos sobre o glaciar. Caso não fosse, iríamos direto para a caverna de gelo.
Por sorte o vento estava forte, mas não a ponto de ser inseguro, ao menos não naquele momento. Aguardem que já conto!!
Era o momento de colocar nossos grampos. O Rick é super didático e ninguém no grupo teve grandes dificuldades. Antes de subirmos no gelo, ele ainda nos explicou como caminhar, nunca arrastando os pés e com as pernas não muito próximas uma da outra.
O Yu aprendeu os motivos disso da pior forma, raspou uma perna na outra na hora de dar um salto e rasgou a barra da calça com as pontas dos grampos. Pelo menos foi só a calça.
A primeira pisada no gelo com os grampos é estranha. Mas depois que você pega o jeito fica tranquilo. Aí é só ir andando como um pato pela montanha de gelo.
A surpresa!
Achamos que iríamos somente caminhar por alguns minutos no glaciar até chegarmos na caverna de gelo. Porém o Rick nos falou que recentemente um cânion de gelo havia aparecido no glaciar e iríamos passar por lá antes!! Isso é uma das coisas incríveis do glaciar, a cada ano ele apresenta novas surpresas.
Imagina se não ficamos empolgados com isso!
Aí veio outra informação importante: como descer no gelo! Nesse caso você tem que caminhar com as pernas meio flexionadas, sem jogar o corpo para frente e bater forte o pé no chão para os grampos prenderem bem. Nas primeiras tentativas foi quase desastre, mas com as orientações do Rick, e de assimilar o que deve fazer, a gente acostuma!
Chegamos no cânion e aí utilizamos cadeirinha e mosquetão para chegar na base dele. Esperamos um outro grupo sair antes de entrarmos enquanto o Rick nos dava uma aula sobre a formação dos glaciares.
Chegamos na base. Gente, vocês não têm noção do que era esse lugar! Uma forte cachoeira no meio do gelo, formando um pequeno rio que serpenteava em meio a paredões azuis, às vezes tão transparentes que víamos nitidamente nossos colegas do outro lado.
O Rick nos levou até onde dava para chegar, quando começou a ficar estreito demais. Foi muito mais do que a gente imaginava!
Curiosidades sobre cânions e cavernas de gelo
Primeiro ponto: é molhado. Bem molhado. Vá com capa de chuva, calça de motoboy e tudo mais que tiver para se manter seco. E um pouco de desapego, caso enfie o pé com tudo em um rio gelado.
Como as geleiras estão em constante movimento e derretimento, um cânion ou uma caverna de gelo nunca serão os mesmos. Entre estações elas já mudam, imagina entre anos.
Algumas desaparecem completamente durante o verão, a ponto de todos os anos as agências precisarem buscar novas para serem visitadas.
Ou seja, o que eu vi neste passeio nenhum de vocês verá quando for. Será algo totalmente inédito!
A caverna de gelo!
Saindo do cânion, seguimos rumo à caverna de gelo, ponto comum com o tour mais simples, não só da Glacier Adventure, mas de outras agências também. Quem só vai até a caverna de gelo segue até ela por uma trilha na terra a pé. Como não passam pelo glaciar, não usam grampos.
Como nesse tour você primeiro sobe o glaciar para depois ir para a caverna, muitos dos grupos que chegam cedo lá já se foram. O guia, por sua vez, fica de olho na chegada e saída dos grupos para escolher o momento ideal para entrar.
Com todo esse planejamento, tivemos a caverna de gelo só para o nosso grupo por cerca de 20 minutos e pudemos admirar toda a sua beleza sem correria, sem muvuca, sem barulho, e tiramos fotos em todas as poses e lugares, até cansar. Foi mágico.
Mais pontos positivos para Glacier Adventure por nos proporcionar esses momentos mais intimistas com o local!
Ao sairmos chegaram vários outros grupos gigantescos. Aí demos ainda mais valor ao nosso pequeno grupo.
Em um grupo pequeno, além de aproveitarmos mais, também é mais seguro, pois o guia consegue dar atenção a todos. Nesse tipo de passeio, segurança deve estar em primeiro lugar.
E quem disse que não teria perrengue!
Lembra que eu falei que tava ventando bastante nesse dia? Pois bem, ao sair da caverna de gelo, já sem os grampos, na trilha a pé de volta ao carro, começamos a enfrentar fortes rajadas de vento que, literalmente, nos empurravam.
Sério, me senti esquelética nesse dia, pois tinha momentos que o vento me empurrava de tal forma que eu deslizava na terra. Eu segurava tão forte no Yu que fiquei com dor no braço. Quando chegamos no carro comentei que aquela caminhada tinha sido a coisa mais emocionante que tinha feito na vida!!!!!
Por sorte essas rajadas só começaram depois que já tínhamos saído de cima do glaciar, não nos impedindo de ter vivido aquela experiência bárbara!
Segundo Rick, foram rajadas de cerca de 30 m/s (mais de 100 km/h) que não estavam na previsão. Ainda assim, ele nos manteve tranquilos e seguros até chegar ao carro.
Quer mais opções de passeios na Islândia? Que tal explorar um fiorde de bicicleta? Essa é a sugestão do blog Fora da Zona de Conforto com o Roteiro de 1 dia com muita atividade em Isafjordur, Islândia!
Conclusão: só vá!
Se você tiver tempo, o tour completo tem cerca de 6h de duração, acho que vale demais a pena incluir-lo no seu roteiro. É uma experiência única, que vai deixar sua viagem pela Islândia ainda mais incrível.
Ainda que prefira outro tour ou vá fora da temporada da caverna de gelo (que vai de outubro a abril), fica a recomendação da Glacier Adventure, uma empresa que nos passou muita segurança e profissionalismo.
Dê preferência a empresas pequenas e locais como a Glacier Adventure e tenha certeza que terá muitas experiências bárbaras!!